Foram identificadas as duas pessoas que morreram após o tiroteio em que 26 pessoas foram baleadas no fim da noite desse domingo (4) no bairro Campo Novo, zona sul de Porto Alegre. Todos estavam em um bar, que promovia um evento para comemorar aniversário de abertura, com show de pagode, quando pelo menos um carro com criminosos chegou ao local e muitos tiros foram disparados.
Cerca de 80 pessoas estavam no bar, de acordo com a Polícia Civil. Prisciele Leticia Castilhos Farias, 29 anos, e Dabson Jordan Simões de Moura, 23 anos, morreram durante atendimento médico. Os outros 24 feridos foram hospitalizados — três seguem em estado grave, entre eles um adolescente de 14 anos.
O delegado Augusto Zenon, plantonista da Delegacia de Homicídios, diz que a confraternização já há algum tempo era divulgada via redes sociais. Por volta das 23h, algumas pessoas estavam na calçada e outras dentro do bar quando, conforme testemunhas, um ou dois carros se aproximaram e pelo menos quatro criminosos desceram atirando.
— Pelos relatos, eles não tinham um alvo específico. Atiraram contra quem estivesse por ali — afirma o delegado.
Ainda conforme a polícia, houve revide de pessoas que estavam dentro do bar. O grupo que iniciou o tiroteio saiu e voltou outras duas vezes, atirando de novo.
Foram recolhidos no local e em um beco próximo 51 cápsulas, sendo 49 de pistola 9mm e duas de espingarda calibre 12. As testemunhas não souberam confirmar modelo e cor dos carros usados pelos atiradores.
As informações preliminares da investigação indicam que o crime tenha sido motivado por um conflito entre facções criminosas.
— Pelo modus operandi, sem relato de discussão prévia, agressões ou briga, tudo leva a crer que seja uma briga de facções — avalia o delegado Zenon.
A polícia acredita que os mortos não eram alvos dos atiradores. O homem não tinha antecedentes criminais e a mulher tinha um antecedente por furto, que o delegado acredita que não tenha relação com o fato. O bar possuía uma câmera de segurança, que estava desligada.
A investigação ficará agora com a 6ª Delegacia de Homicídios de Proteção à Pessoa. O delegado titular, Rodrigo Pohlmann Garcia, relata que a situação encontrada no local do fato era de terror e pânico. Ele acredita que, pelo número de cápsulas recolhidas, cerca de cem disparos foram efetuados.
— A gente sabe que muitas das cápsulas se perdem, são recolhidas. Mas tudo leva a crer em um acerto de contas entre facções criminosas que causaram várias mortes desde maio na zona sul da Capital — diz o delegado.
A Brigada Militar realizou buscas e prendeu duas pessoas nas imediações de um hospital. Elas estavam com uma arma, que foi apreendida, e relataram que foram ao hospital para encontrar parentes feridos.
Durante o patrulhamento, dois homens foram presos após arremessarem uma granada em um condomínio na zona central da Capital. A polícia investiga se há ligação entre os dois casos.