A Operação Delta II, deflagrada pela 3ª Delegacia Regional de Santa Maria, cumpriu 26 mandados de busca e apreensão em nove municípios na manhã desta sexta-feira (2). Oito deles são no Rio Grande do Sul: Porto Alegre, Cachoeirinha, Gravataí, Guaíba, Viamão, Santa Cruz do Sul, Novo Cabrais e Cruz Alta. Também houve ações em Palmas, no Paraná. São apurados crimes de estelionato relacionados a dois tipos de golpes: dos nudes e um que envolve depósitos falsos para pagamento de compras feitas pela internet. Até o momento, 21 pessoas foram presas, sendo 10 delas mulheres.
A investigação começou em 2021 e pelo menos 111 vítimas foram identificadas no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espírito Santo e Goiás. O valor dos prejuízos causados pelos golpes ainda é apurado. O esquema seria coordenado por apenados que estão recolhidos no Presídio Central de Porto Alegre.
— Temos um caso em que uma pessoa se suicidou em função das extorsões. Uma única vítima pagou mais de R$ 150 mil para essa quadrilha — revela o delegado Sandro Meinerz, que responde pela 3ª Delegacia de Polícia Regional de Santa Maria, responsável pela investigação.
A maior parte dos mandados judiciais são relacionados ao chamado golpe dos nudes. Nesse crime, os estelionatários usam perfis falsos com fotos de mulher e fazem contato por redes sociais, geralmente com homens mais velhos e casados, sugerindo a troca de fotos sensuais. Depois, dizem que a menina nas fotos é menor de 18 anos e passam a extorquir as vítimas, ameaçando tornar os diálogos públicos e denunciar o extorquido por pedofilia.
O outro crime apurado envolve fraude na comprovação de pagamento de compras feitas pela internet. Produtos anunciados em sites de compra e venda são adquiridos pelos estelionatários, que enviam um suposto motorista de aplicativo, que na verdade é um comparsa, para retirar o item na casa do vendedor. Um comprovante de depósito falso é apresentado e a vítima, acreditando ter recebido o valor da venda, entrega o produto.
Em alguns casos, os estelionatários se passavam por delegados, para intimidar as vítimas, no caso do golpe dos nudes, ou para usar da credibilidade, no caso do golpe do comprovante falso de depósito. Pela letra inicial, o termo Delta é utilizado no meio policial para se referir aos delegados, daí o nome da operação. O próprio delegado regional de Santa Maria, Sandro Meinerz, que coordena a investigação, teve o nome e foto utilizados nas extorsões. Outros agentes públicos também tiveram a identidade usada pelos criminosos, incluindo um juiz.
— Muitas vítimas têm tanto medo, inclusive, que quando a gente ligou, tinha gente que nos bloqueava, com medo que fossem pedir mais dinheiro. Como eles usam a polícia para pedir dinheiro, quando a gente perguntava se a pessoa tinha sido vítima de um golpe, já desligavam. Isso porque os golpistas não param, eles recebem R$ 5 mil, depois pedem mais R$ 5 mil, e não param nunca — detalha Meinerz.
A primeira fase da Operação Delta foi realizada em junho, quando oito pessoas foram presas e 27 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em Porto Alegre, São Leopoldo, Cachoeirinha, Eldorado do Sul, Santa Cruz do Sul, Pantano Grande e Guaíba.