A movimentação frequente em uma praça nas proximidades do Fórum de Porto Alegre e a maior incidência de delitos nos arredores, como furtos em veículos e arrombamentos de comércios, levantaram a suspeita de que o local pudesse estar funcionando como ponto de venda de drogas.
Nesta quinta-feira (18), o Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) desencadeou operação na região para prender suspeitos de integrarem esse esquema. Seis mandados de prisão preventiva foram cumpridos na Operação Themis, além de cinco de busca e apreensão.
Segundo a última atualização da Polícia Civil, 11 pessoas foram detidas — sendo seis com mandados de prisão e cinco em flagrante por tráfico e associação para o tráfico. Os presos são nove homens e duas mulheres, que não tiveram os nomes divulgados.
Foram encontrados aproximadamente R$ 40 mil em dinheiro, além de embalagens para acondicionar a droga. Também foram apreendidos celulares, uma balança, uma prensa usada para embalar entorpecentes, cerca de 200 pedras de crack e um veículo.
Segundo o delegado Gabriel Borges, da 3ª Delegacia de Investigação do Narcotráfico, o movimento despertou primeiro a atenção de quem frequenta o entorno. A praça está localizada na esquina da Avenida Borges de Medeiros com a Rua Doutor Vicente de Paula Dutra, no bairro Praia de Belas. Fica, por exemplo, ao lado do Instituto de Previdência do Estado (IPE), a uma quadra do Fórum e nas proximidades da Associação de Juízes do Rio Grande do Sul (Ajuris). O nome da ofensiva, inclusive, faz alusão à deusa grega da Justiça.
— Formou-se praticamente uma cracolândia ao lado do Fórum de Porto Alegre. A circulação muito grande de usuários ali chamou a atenção do próprio Poder Judiciário e de outros órgãos, das pessoas que frequentam, essa situação de tráfico explícito — explica o delegado.
Dos mandados, três de prisão e dois de busca são cumpridos nas proximidades do Fórum, e outros três de prisão e três de busca na zona sul da Capital. Cerca de 40 policiais do Denarc participaram do cumprimento das ordens judiciais.
Investigação
Ao longo do último mês, policiais passaram a monitorar a circulação de pessoas no local. Conseguiram captar imagens de suspeitos de serem vendedores de drogas e também dos usuários que vão ao local para adquirir crack.
Conforme a investigação, aqueles que vendem também são consumidores da droga e se dividem em dois turnos, de 12 horas cada.
— Funciona 24 horas por dia. Não para nunca. O crack tem essa característica, de que o usuário busca a qualquer momento. O tempo inteiro tem consumidores circulando. A cada turno, vem outro vendedor — afirma Borges.
Embora na maioria das vezes o comércio, segundo a investigação, se dê na praça, os policiais também flagraram a venda em outros pontos nas proximidades, como ao lado do muro do Fórum. Os investigadores captaram inclusive imagens com drone para comprovar a movimentação na região.
Outros delitos
A incidência de outros delitos, como furtos em veículos, para retirar o som, o estepe ou outros pertences, e também arrombamentos em comércios da região também despertaram a atenção nos últimos meses, segundo o delegado. A suspeita é de que esses crimes também estejam vinculados ao comércio de drogas.
— Esses pertences são trocados pelo crack. Há casos de furtos de fios de luz também. Tudo que é objeto que pode ser trocado, é levado — detalha Borges.
Os mandados cumpridos nesta quinta-feira, conforme o policial, são voltados aos suspeitos de serem os vendedores da droga, mas também a outros investigados. Os crimes investigados são de tráfico e associação para o tráfico.
— Conseguimos identificar os fornecedores e os responsáveis pelo armazenamento. Fomos além do vendedor ali da esquina. Temos toda a hierarquia do grupo. Embora alguns pratiquem outros crimes, sabemos disso, pela especialidade do departamento, o foco dessa investigação é o tráfico de drogas. Mas com certeza isso ali movimenta e acaba fazendo um mercado de crimes patrimoniais para motivar a busca pela droga — diz o delegado.