Em júri realizado no Fórum de São Pedro do Sul na última terça-feira (2), dois acusados pela morte de Selena Peixoto, 37 anos, no interior de Dilermando de Aguiar, em 1º de janeiro de 2020, foram julgados. Um dos réus, Paulo Roberto Chagas Ferraz, foi condenado a seis anos de prisão. Já Diovani da Silva Rodrigues foi absolvido. Os dois estavam presos desde 20 de janeiro daquele ano e, após o julgamento, foram soltos.
Selena era transexual e seu nome de nascimento era Alex Silva Zeppenfeld. Ela era criadora de cavalos e teria sido morta em razão do não pagamento de Ferraz por um animal que ele comprou dela.
Os dois foram indiciados pela Polícia Civil e depois acusado pelo Ministério Público por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e por não ter dado chances de defesa à vítima. Ferraz, que foi considerado culpado pelos jurados, acabou condenado por homicídio simples e cumprirá o restante da pena em regime semiaberto.
O advogado que defendeu Ferraz, Wedner Lima, afirmou que ficou satisfeito com o resultado, mas que ainda assim recorrerá da decisão. Já o defensor de Rodrigues, Fabiano Braga Pires, ressaltou que não havia provas contra seu cliente, por isso ele foi justamente absolvido.
O Ministério Público (MP) afirmou que deve recorrer para que uma das qualificadoras, de não ter dado chances de defesa à vítima, seja aceita:
— A do motivo fútil, por ser subjetiva, competia mesmo aos jurados decidirem de acordo com sua íntima convicção, então eu respeito a soberania do veredito dos julgadores da causa e não vou recorrer dessa parte. A segunda qualificadora, que é de ordem objetiva, entendo que há elementos suficientes para comprová-la, de modo que havendo reconhecimento da autoria, o que houve, não há como afastar que os disparos foram efetuados impossibilitando a defesa da vítima, por isso vamos recorrer com relação a isso, entendendo que a decisão foi manifestamente contrária à prova dos autos nesse ponto — explica o promotor Vinícius Cassol.
O crime
Selena foi morta na noite de 1º de janeiro. Conforme a Brigada Militar de São Pedro do Sul, responsável pelo policiamento em Dilermando de Aguiar, PMs foram chamados por vizinhos de uma casa que fica na localidade de Sarandi, após tiros serem ouvidos.
Quando chegaram ao local, por volta das 21h, os policiais fizeram contato com o dono da residência, de 57 anos, companheiro de Selena, que afirmou que ela havia tido um derrame. Os PMs alegaram que a vítima não apresentava sinais aparentes de ferimento ou marcas de sangue e, por isso, foi colocada em um carro e levada para atendimento.
No Pronto-Atendimento em Santa Maria, contudo, o médico constatou que havia marcas de dois disparos no corpo da vítima. Após a morte, o companheiro de Selena mudou a versão e afirmou que um veículo chegou em frente à casa e chamou pela mulher, que teria sido atingida ao sair da residência.
O companheiro alegou que não contou sobre os disparos porque queria que ela fosse levada para atendimento o mais rápido possível. A Polícia Civil descartou qualquer participação dele no crime.
A investigação apontou que Ferraz foi o autor dos disparos. Ele teria comprado um cavalo de Selena, pelo valor de R$ 600. Como forma de pagamento, entregou um outro animal a ela. No entanto, a vítima descobriu que o cavalo era furtado e devolveu o equino. Porém, não recebeu o valor do acusado. Ferraz não aceitava que devia para ela. Rodrigues, primo do acusado, eram que dirigia o veículo que foi usado para ir até a casa da vítima e fugir do local depois dos tiros.