O humorista e ex-BBB Dilson Alves da Silva Neto, conhecido pelo personagem Nego Di, publicou série de vídeos em seu perfil de rede social se defendendo das acusações de que teria cometido golpe contra centenas de pessoas. Segundo ele, o único vínculo com a loja virtual Tá di Zoeira era o contrato de publicidade. O porto-alegrense afirma nunca ter tido acesso aos valores recebidos pela loja com a venda de produtos que não foram entregues aos clientes, mas mesmo assim prometeu reembolsar quem comprovar que foi lesado pela propaganda que ele fez.
— Mesmo não tendo dado golpe em ninguém, não tendo nada com isso nem saber de nada, sei que parte do estrago e do prejuízo se deve à confiança que tinham em mim e na minha imagem. Tô triste com a situação, minha família está sendo ameaçada. Darei meu máximo para resolver ajudando a Justiça e fazendo outros movimentos — comentou, em vídeo publicado por volta do meio-dia desta quinta (21), anunciando a criação de uma conta bancária que funcione como fundo de ressarcimento.
— Vendi meu carro e vou fazer estorno do próprio bolso. Entendo que mesmo não tendo dado golpe, sei que as pessoas só compraram na Tá di Zoeira por causa da minha publicidade. Tô tirando dinheiro que não tenho para ressarcir o máximo de pessoas que eu conseguir e garantir que a justiça seja feita — complementou.
O comediante afirma que o fundo será monitorado por seus advogados, da Fortini & Volcato Advogados, e pelo advogado de uma parte das pessoas que se dizem lesadas pelo suposto golpe aplicado por ele através da loja. Em um segundo vídeo, o ex-BBB também pede que seus seguidores façam doações via Pix para este fundo, para ajudá-lo nos reembolsos.
— Eu sempre digo que qualquer um real faz a diferença. Se não conseguir ajudar com dinheiro, manda boas energias — pediu o influenciador digital.
As versões
Quando as primeiras queixas de produtos comprados e não entregues surgiram, em entre maio e junho, Nego Di explicou que tinha sido surpreendido com o que ele chamou de “problemas na logística”. Na ocasião, ele afirmou que voltara de São Paulo para Porto Alegre tentando contratar uma nova transportadora para realizar as entregas que estariam atrasadas.
“Eu estava em São Paulo, viajando, e bem por fora do que estava acontecendo. Vi que a galera estava mandando mensagem e aí eu voltei e fui ver. Por erro de quem estava responsável pela logística de produtos da empresa, as entregas foram atrasadas e a transportadora, que já tinha pegado outro serviço, se recusou a começar a fazer as entregas", disse ele, em 14 de junho.
Nesta quinta-feira, ele explicou que se posicionou desta maneira porque ainda confiava nos empresários que o tinham contratado. Dilson repete que não era sócio deles nem da loja, e diz que também foi uma vítima por confiar sua imagem aos proprietários contratantes. Ele afirmou ter prestado depoimento à Polícia Civil e apresentado “mais de 70” impressões e áudios de diálogos comprovando o não envolvimento dele com o CNPJ ou sistemas da empresa.
— De fato, (os proprietários) vinham falar que eu era o sócio da loja para acalmar os ânimos da galera, pois estavam todos (clientes) preocupados. Me alegavam que estavam com problema de logística, e eu acreditei pois confiava. Mas eu nunca fui proprietário ou sócio, nunca estive no CNPJ dessa loja. Meu maior erro foi acreditar nessas pessoas que, em tese, eram consideradas por mim idôneas e corretas, não tinham motivação para me aplicar um golpe. Eu me sinto vítima dessa situação, estou tendo um prejuízo moral, de imagem e financeiro em virtude dessa situação — complementou.
Investigação
O responsável pelo inquérito na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Canoas, delegado Rafael Pereira, confirma que o depoimento de Dilson durou cerca de sete horas e contou com uma pasta com explicações de que ele não seria dono da loja. No entanto, assim como no vídeo publicado pelo humorista no Instagram, nenhuma assinatura de contrato de publicidade foi mencionada.
— É um caso complexo. A cada dia, surgem novas vítimas com novas provas que precisam ser analisadas. Ele (Dilson Neto) não disse ter contrato firmado, apenas um acerto verbal envolvendo publicidade, no qual teria direito a 50% dos lucros, mas que não seria legalmente dono do negócio — comenta o delegado Rafael Pereira.
Até a quinta-feira (21), havia cerca de 50 ocorrências de vítimas à cargo da 1ª DP de Canoas. A Polícia Civil registra ao menos 126 casos contra a loja Tá di Zoeira.
A defesa do ex-BBB conseguiu, nesta quinta-feira (21), uma liminar na Justiça para impedir o funcionamento do site onde funcionava a loja digital.
Contraponto da defesa de alguns clientes
Os advogados Guilherme Moraes, Mateus Marques e Bruna Melgarejo, que representam alguns clientes, se manifestaram por meio de nota:
“Queremos garantir o reembolso e a paz de espírito dos nossos clientes. Teremos uma reunião com o Dilson e sua defesa para falar sobre esta ideia de conta para ressarcimento, mas a nossa atuação é reservada aos clientes que nós representamos, que não são todos os que foram lesados pela loja.”