Em razão dos interrogatórios dos três réus terem sido rápidos na manhã desta terça-feira (5), os debates entre acusação e defesas no júri do processo que apura as responsabilidades pelo assassinato de Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, na saída de uma festa em 2015, em Charqueadas, começaram antes do previsto. A expectativa era de que ocorreriam na quarta-feira (6).
Por volta de 10h30min desta terça, o Ministério Público (MP) começou a se manifestar. Durante pouco mais de duas horas, os promotores sustentaram suas teses e pediram a condenação dos réus.
Ronei Júnior, com 17 anos na data do crime, era um dos organizadores de uma festa que tinha o objetivo de arrecadar dinheiro para a formatura da sua turma na escola. Ele foi morto a socos, chutes e garrafadas na saída do local.
Estão sendo julgados neste segundo júri Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo. No primeiro júri, três réus foram condenados a penas de até 38 anos de prisão.
Os promotores Anahi Gracia de Barreto, João Cláudio Pizzato Sidou e Eugênio Paes Amorim se manifestaram em plenário. Anahi disse que é preciso condenar os réus para evitar a impunidade. Na sequência, Sidou se manifestou, apresentando as provas do processo.
— Eles (os réus) terão um julgamento justo. Eles não terão um julgamento sumário como teve o Ronei naquela calçada — começou Sidou.
O promotor afirmou ainda que o pai de Júnior, Ronei Faleiro, levou um chute pelas costas e que neste momento viu o filho sendo agredido.
— Eles mostraram total desprezo com a vida humana — sustentou Sidou ao explicar que o pai tentava se livrar dos agressores enquanto “Júnior era julgado e executado naquela calçada”.
O promotor citou vários depoimentos que, segundo ele, provam a presença dos réus na cena do crime. Destacou um trecho do interrogatório de uma das vítimas, Richard Saraiva de Almeida, agredido naquela noite e ouvido nessa segunda. Ele afirmou que Alisson lhe disse: “Eu não vou te fazer nada, mas meus amigos vão”.
— O Alisson tem 10 referências a ele no local fato — acrescentou Sidou.
Na época do crime, Richard namorava com Francielle Wienke, que era colega de escola de Ronei Júnior. Os dois também foram agredidos pelo grupo, após saírem da festa e se refugiaram dentro do carro do pai de Ronei Júnior.
Sobre Geovani, Sidou também apresentou aos jurados depoimentos de testemunhas que colocariam o réu na cena do crime. Em relação a Volnei, lembrou que ele próprio admitiu ter dado chutes e socos no carro onde as vítimas se abrigaram.
— O Volnei é visto comemorando o fato — afirmou Sidou.
Os promotores passaram aos jurados mais de uma vez o vídeo de uma câmera de segurança que mostra pessoas cercando o carro das vítimas e partindo para as agressões, que duram pouco mais de um minuto.
— Um ataque de cerca de 20 pessoas contra quatro pessoas. Foi decisiva a participação na morte desse menino a participação dessas 20 pessoas — disse o promotor Eugênio Paes Amorim, o último representante do MP a se manifestar.
Conforme Amorim, os agressores queriam agredir Richard porque ele é de São Jerônimo e há uma rixa com quem é de Charqueadas.
— Como não conseguiram o Richard, pegaram o Ronei Júnior — disse Amorim.
Ao final, o promotor pediu a condenação dos réus pelo homicídio de Ronei Júnior e pelas tentativas de homicídio de Ronei Faleiro, Richard Saraiva de Almeida e Francielle Wienke.
O julgamento foi para o intervalo após a manifestação do MP. À tarde, é a vez de as defesas apresentarem seus argumentos. O tempo de duas horas e meia será dividido entre os advogados dos três réus.
Os promotores poderão ir à réplica e as defesas à tréplica, sendo duas horas para cada. Logo após, os jurados se reúnem na sala secreta e decidem se os réus são culpados ou inocentes. Ao final, o juiz profere a sentença.