Os três réus que estão sendo julgados nesse segundo júri pelo assassinato do adolescente Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, na saída de uma festa em 2015, em Charqueadas, na Região Carbonífera, foram ouvidos na manhã desta terça-feira (5). Dois deles negaram participação no crime e o terceiro confessou envolvimento na briga.
O primeiro a falar foi Alisson Barbosa Cavalheiro. Ele negou participação.
— Eu passei sete anos preso por uma coisa que eu não fiz — disse Alisson, numa referência ao período em que ficou preso preventivamente até ser solto por decisão judicial.
Respondendo aos questionamentos do juiz Jonathan Cassou dos Santos, Alisson declarou ter saído antes do fim da festa.
— Eu saí da festa, atravessei a rua para comprar um churrasquinho. Só comprei o churrasquinho e fui pra casa — relatou o réu.
Sobre testemunhas que disseram que ele teria falado que algo aconteceria com Richard, amigo de Ronei Júnior, que ficou ferido na briga, negou que o fato tenha ocorrido.
— Nunca falei com o Richard pessoalmente. Eu era conhecido da Fancielle. Sabia que eram namorados — disse Alisson.
O réu contou que viu Richard na festa, mas negou ter conversado com ele. Ele declarou que, dois anos antes do crime, teve um relacionamento rápido com Francielle. Ele disse também que foi ela quem o convidou para ir na festa. O juiz leu a frase que teria sido dita por ele a Richard, conforme depoimentos: “Eu não vou te fazer nada, mas meus amigos vão”, o que também foi negado.
— Eu nem sabia que ia acontecer alguma coisa. Pra mim era uma noite normal — relatou o réu.
Perguntado se conhecia os outros oito réus desse processo, disse que a maioria não. Indagado novamente pelo promotor João Cláudio Pizzato Sidou se não estava na briga ou se teria visto a briga, Alisson voltou a frisar que não viu ou participou.
— Fui embora depois de comprar um churrasquinho — reforçou.
O promotor Eugênio Paes Amorim também fez perguntas.
— Então quer dizer que toda essa gente que disse que te viu lá está mentindo? — questionou Amorim.
O réu respondeu:
— Provavelmente.
Perguntado pela sua advogada se já tinha se envolvido em confusão antes do crime, disse que sim, que era usuário de maconha e que já tinha sido pego pela polícia com droga. Segundo ele, parou com o uso de entorpecentes e com confusões quando a mãe ficou doente. Relembrou que a mãe faleceu enquanto estava preso. Sobre a festa, disse que prometeu não chegar tarde naquela noite para cuidar da mãe. Conforme o réu, chegou em casa e ficou cuidando da mãe até pegar no sono.
— Fiquei sabendo da briga por um amigo, na mesma noite —disse Alisson, ao contar que teve conhecimento da morte de Ronei Júnior no dia seguinte.
— Eu não participei de nada disso. Simplesmente só fui nesta festa. Eu lamento muito pelo Ronei, mas eu não tive participação nenhuma nisso. Eu não fiz nada — encerrou Alisson.
O réu Geovani Silva de Souza foi o próximo a falar. Ele pediu para que não houvesse transmissão do seu depoimento. A assessoria do Tribunal de Justiça fez postagens com algumas declarações do réu em redes sociais. Ao ser interrogado pelo juiz, também negou participação no crime.
— Fiquei conversando pelas escadas — relatou.
Diferente de Alisson, Geovani disse que viu o tumulto, mas que não participou da briga.
— Quando vi já estava tendo o tumulto, a gente se afastou para o lado, perto da parada do táxi — disse ele.
O juiz perguntou se as garrafas não voavam na direção dele.
— Eu só me afastei, só escutei o barulho das garrafas —respondeu Geovani.
Logo na sequência prestou depoimento o réu Volnei Pereira de Araújo, que também pediu para que não tivesse transmissão. Diferente de Alisson e Geovani, admitiu que se envolveu na briga.
— Fiquei ali no mercado (mercado que fica do outro lado da rua do clube Tiradentes). Tinha barulho de garrafa e bastante garrafa voando. Eu atravessei a rua. Me meti de bobo — confessou Volnei.
Ele também contou a sua versão para as agressões.
— Tinha bastante gente na volta do carro (carro do pai da vítima). Não lembro se dei dois chutes ou dois socos no carro — disse ele.
O promotor João Cláudio Pizatto Sidou perguntou:
— O senhor presencia um número considerável de pessoas e mesmo assim atravessa a rua pra se juntar. Foi por impulso?
O réu respondeu que sim.
O júri foi para o intervalo no fim da manhã e deve ser retomado à tarde com os debates entre acusação e defesas.
No primeiro dia do segundo julgamento prestaram depoimento as vítimas Ronei Faleiro (pai de Ronei Júnior), Richard Saraiva de Almeida e Francielle Wienke e as testemunhas de acusação e defesa.
Na época dos fatos, Richard namorava com Francielle Wienke, que era colega de escola de Ronei Júnior. Os dois também foram agredidos pelo grupo, após saírem da festa e se refugiaram dentro do carro do pai do adolescente.
Relembre o caso
Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, então com 17 anos, era um dos organizadores do evento que tinha o objetivo de arrecadar dinheiro para a formatura da sua turma na escola. Ele foi morto com socos, chutes e garrafadas.
Neste segundo júri, estão sendo julgados Alisson Barbosa Cavalheiro, Geovani Silva de Souza e Volnei Pereira de Araújo.