Com promessa de protesto de policiais civis, começa nesta terça-feira (17) o júri de cinco réus pela morte do escrivão e chefe de investigação da 2ª Delegacia de Polícia de Gravataí, Rodrigo Wilsen da Silveira, 39 anos. Ele foi baleado enquanto cumpria mandados de busca e apreensão em uma operação contra o tráfico de drogas na cidade da Região Metropolitana.
O crime aconteceu em 23 de junho de 2017, em um condomínio no bairro Passo das Pedras, em Gravataí. Os agentes foram recebidos a tiros ao acessarem um dos apartamentos. O escrivão levou um tiro na cabeça e chegou a ser socorrido ao Hospital Dom João Becker, mas não resistiu. A esposa dele, Raquel Biscaglia, presenciou o crime. Ela também é policial e participava da ação nos imóveis. Grávida, acabou perdendo o bebê semanas depois.
O julgamento está marcado para se iniciar às 9h, no Fórum de Gravataí, na Rua Alfredo Soares Pitres, bairro Santa Luzia. A previsão é de que o júri se estenda por dois dias. Após os depoimentos, Ministério Público e defesa terão duas horas e meia para seus argumentos. A réplica e tréplica podem ter até duas horas.
Presidente da Ugeirm Sindicato — que representa escrivães, inspetores e investigadores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul —, Isaac Ortiz, espalhou aos colegas um áudio de convocação para acompanhamento do júri:
— Faço um apelo, uma convocação de todos os policiais civis da Região Metropolitana ao Fórum de Gravataí, para assistir à condenação. Eles (os réus) barbaramente assassinaram nosso colega, que estava trabalhando — diz Isaac, em trecho da gravação.
Procurado pela reportagem de GZH, o representante sindical reafirma que haverá adesão ao pedido pelas respostas que já recebeu por seu apelo. A ideia é ocupar a frente do Fórum de Gravataí com faixas e cartazes.
Réus seguem presos
Maicon de Mello Rosa foi preso em flagrante pelo disparo que matou o escrivão. Ele foi denunciado pelo Ministério Público por homicídio duplamente qualificado e pela tentativa de homicídio de outros três agentes. O réu também responde por tráfico, posse e porte ilegal de arma de fogo, receptação e organização criminosa. Segundo a denúncia do MP, ele estava em liberdade condicional no dia em que ocorreu o crime.
Outras quatro pessoas serão julgadas: Cristiane da Silva Borges, Marcos Leandro Marques, Alecsandro da Silva Borges e Guilherme Santos da Silva. Eles são réus por tráfico de drogas, posse e porte ilegal de armas, receptação e organização criminosa. Todos foram presos em flagrante à época e seguem detidos.
Contraponto
Procurada, a Defensoria Pública do Estado disse que vai se manifestar apenas durante o julgamento.