A Delegacia de Polícia de Proteção ao Idoso e Combate à Intolerância de Santa Maria concluiu, nesta quarta-feira (25), o inquérito que apurou ofensas racistas postadas em rede social por uma estudante do curso de Artes Cênicas da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Ela foi indiciada por racismo pela delegada Débora Dias, que conduziu a investigação. A pena para quem pratica discriminação por preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional vai de dois a cinco anos de prisão.
Em cerca de 20 dias de investigação, foram ouvidos alunos, diretor e coordenadora do curso. Um estudante, que seria um alvo específico das ofensas da colega, não quis representar criminalmente contra a estudante como vítima da postagem. A jovem de 21 anos não foi localizada para dar a versão dela. Conforme a delegada, ela estaria internada em uma clínica. Porém, as provas coletadas no inquérito são contundentes para o indiciamento dela.
— O crime de racismo é muito mais amplo e atinge toda uma coletividade. Fizemos vários contatos, mas não conseguimos conversar com ela. O genitor dela disse que ela foi internada ou se internou em uma clínica na cidade. No entanto, não há qualquer documento que comprove que a investigada é inimputável, ou seja, que não pode responder criminalmente por seus atos. A conduta dela, face a tudo que tem nos autos, nos levou a indiciá-la — explica a delegada.
Relembre
No post, de 6 de maio, são usadas expressões como ter "pavor de conviver com pessoas escuras". Em outro trecho, menciona "eles devem (ter) um complexo de inferioridade em relação às pessoas brancas". Também foi usada a expressão "essa negadinha".
O texto original foi apagado. Em publicações posteriores da acusada, houve manifestações contraditórias. Em uma, ela dizia que não pediria desculpas. Em outro texto, no entanto, se desculpava, dizendo que não teria direcionado as afirmações a alguém, especificamente. Em ambas as manifestações, garantia não ser racista, completando que a postagem "não reflete minha opinião sobre pessoas negras, pardas ou indígenas".
Procurada por GZH, a mãe da universitária não quis se manifestar. Ela apenas lamentou ameaças sofridas pela filha e pela família em redes sociais depois que o caso ganhou repercussão.