A cúpula da Segurança Pública do Estado deflagrou a Operação Fatura, na manhã desta quarta-feira (13), para transferir 10 líderes de facções para a Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Eles teriam envolvimento no conflito entre grupos criminosos que promoveram mais de 30 atentados com pelo menos 25 mortes na Capital nos últimos dias.
Os apenados foram removidos de três unidades prisionais: do Presídio Central, da Penitenciária Estadual de Porto Alegre e da Penitenciária Modulada Estadual de Charqueadas (Pmec). Três das transferências ocorreram nos últimos dias.
A novidade é que está sendo negociada a instalação de um regime diferenciado, espécie de RDD (regime disciplinar diferenciado), que daria maior limitação aos detentos. Com isso, o isolamento dos presos seria maior, visando evitar o uso de telefones celulares para comandar crimes de dentro da cadeia, por exemplo.
Apesar de a Pasc ter celas individuais, os detentos acabam tendo muito contato diário. Com o regime diferenciado, isso seria limitado ao máximo.
A operação desta quarta-feira é integrada, coordenada pelas secretarias da Segurança Pública (SSP) e de Justiça e Sistemas Penal e Socioeducativo (SJSPS). Participam a Polícia Civil, a Brigada Militar e a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe).
São 10 criminosos identificados pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa, que sugeriu as transferências. Eles não tiveram os nomes divulgados.
Buscas em celas
O Departamento de Homicídios obteve na Justiça dois mandados de busca para apreender principalmente celulares em várias celas de duas galerias do Central. O objetivo é obter mais provas dos atentados ocorridos na cidade (veja abaixo). Foram localizados 16 celulares, 13 chips, dois cartões de memória, dois modens portáteis, drogas e cadernos de anotações.
São 60 agentes fazendo uma varredura nos locais onde ficam integrantes das facções que estão em conflito. A delegada Vanessa Pitrez, diretora do departamento, diz que a ação é também para identificar mais envolvidos e outros possíveis crimes ocorridos.
A Polícia Civil já fez incursões nas regiões da Zona Sul conflagradas, realizou uma operação, na segunda-feira, e apreendeu uma granada e sete armas na terça. A Brigada Militar mantém reforço de mais de uma centena de policiais, inclusive com helicóptero, no eixo entre a Vila Cruzeiro e o bairro Cascata.
Conflito na Capital
Uma série de conflitos entre organizações criminosas vem deixando um rastro de medo e morte na Capital. Ao menos 25 pessoas foram assassinadas devido à disputa desde o dia 14 de março.
Conforme a Polícia Civil, que investiga o caso, os crimes seriam motivados por dívida de uma facção que atua na Vila Cruzeiro, na zona sul de Porto Alegre, com outra, que atua no Vale do Sinos.
De acordo com o diretor da Divisão de Homicídios da Capital, delegado Eibert Moreira, a facção do Vale do Sinos teria recebido reforço de outra organização atuante no bairro Bom Jesus, na Zona Leste, para cobrar a dívida do grupo rival. Pressionada com a possibilidade de perder território, a facção sediada na Vila Cruzeiro teria realizado os ataques mais violentos, segundo a polícia.