Dando continuidade à ofensiva contra a guerra de facções que já deixou 24 pessoas mortas em Porto Alegre desde 14 de março, cerca de 70 policiais civis e militares estão nesta segunda-feira (11) no entorno da Vila Cruzeiro e Bairro Vila Nova, na Zona Sul, para prender 12 integrantes de um dos grupos em conflito. Até o início da manhã, sete pessoas já tinham sido presas. Também estão sendo cumpridos seis mandados de busca na tentativa de encontrar armas, munição, coletes balísticos e celulares.
O Departamento de Homicídios da Capital — responsável pela operação — informa que um dos investigados teve participação confirmada em quatro homicídios, e outros 10 em pelo menos um assassinato. O 12º alvo da ação não estaria ligado diretamente aos fatos, mas foi apontado como articulador de vários ataques.
Com o cumprimento das ordens judiciais, a polícia pretende averiguar se os presos participaram dos demais crimes. Ao todo, foram mais de 30 atentados. Até 7h40min, havia sete presos, dois detidos na Vila Cruzeiro e outros cinco que tiveram mandados de prisão cumpridos na cadeia porque já haviam sido presos durante a investigação.
Os suspeitos são todos de um dos grupos que estão em conflito devido a uma dívida financeira entre eles. A facção tem base na Grande Cruzeiro e está em guerra com outra que tem base no Vale do Sinos, mas possui um ponto de venda de drogas no bairro Santa Tereza — no limite da área da outra organização criminosa.
A ação desta segunda-feira conta com o apoio do Comando de Policiamento da Capital (CPC) da Brigada Militar (BM). Um helicóptero foi usado pelos PMs na região do Bairro Vila Nova.
Reforço policial
Os atentados já deixaram 24 pessoas mortas — sendo 21 decorrentes dos ataques entre as facções e três decorrentes de confrontos com a BM — e 31 pessoas feridas. Desde a terça-feira da semana passada, houve reforço do policiamento no eixo entre a Vila Cruzeiro e o bairro Cascata, com mais de uma centena de brigadianos.
O aumento do efetivo, aliado à investigação, foi importante, segundo o comando da BM, para evitar que ocorressem mais homicídios atribuídos à disputa. As mortes mais recentes foram registradas na noite da última segunda-feira.
Os PMs estão usando até um helicóptero com dispositivos especiais acoplados a uma câmera para detectar do alto, por exemplo, uma pessoa com uma arma na mão. Os voos são diários também para dar apoio a policiais em motos e carros percorrendo ruas, becos e vielas.
A diretora do Departamento de Homicídios, delegada Vanessa Pitrez, diz que os agentes seguirão por tempo indeterminado nas regiões conflagradas. Antes da operação realizada nesta manhã, já havia sido contabilizado um total de 32 suspeitos detidos e 52 identificados.
— A operação realizada hoje (segunda-feira) é referente a alguns dos fatos, mas principalmente relativo a um ocorrido dia 26 de março, no Bairro Bom Jesus, quando duas pessoas foram baleadas. Foram tantos tiros que, se estivesse mais alguém na rua, certamente seria atingido — diz Vanessa.
Além disso, dois líderes das duas facções foram transferidos de presídios. Essa medida deve ser ser ampliada, mas o número de apenados e a data ainda não foram divulgados pela Secretaria da Segurança Pública (SSP).