A Polícia Civil trata como feminicídio o assassinato da cabeleireira Lourdes Clenir Oliveira Melo, 48 anos. Moradora de Estância Velha, no Vale do Sinos, ela foi encontrada morta no porta-malas do próprio veículo em Içara, no sul de Santa Catarina, na noite de quarta-feira (12).
A vítima estava desaparecida desde o último domingo (9). O ex-companheiro dela é apontado como principal suspeito do crime.
— Falamos com familiares e vizinhos. Trabalhamos com a autoria do ex-companheiro — diz o delegado Rafael Sauthier, à frente da investigação.
A motivação para o assassinato, de acordo com a polícia, seria o fim do relacionamento entre os dois — conforme a apuração, o homem não aceitava o término da relação. Áudios enviados pela vítima no último dia 23 de dezembro expõem uma discussão entre ambos — a briga foi gravada pela mulher e enviada a um sobrinho.
— Tu pode sumir daí, ou pega um segurança pra me matar. Eu não tenho mais nada pra perder, quem tinha a perder era tu — diz o homem em um trecho da gravação.
O delegado afirma que, em imagens de câmeras de segurança, o suspeito é visto na última segunda-feira (10) saindo da casa de Lourdes com o carro em que o corpo foi encontrado. A vítima não era vista desde o dia anterior. Na sequência, ele retorna e fecha o portão de acesso ao imóvel.
Testemunhas relataram que ouviram gritos de Lourdes vindos da residência, onde ela morava sozinha. No local, foram encontrados rastros de sangue, objetos quebrados e o espelho retrovisor do carro caído no chão.
A polícia faz buscas pelo investigado, mas ainda não há informações sobre o paradeiro dele.
A cabeleireira tinha medida protetiva contra o ex-companheiro, mas o homem seguia rondando a residência da mulher, segundo os investigadores. Antes de ela conseguir a proteção pela Justiça, ele havia sido preso, mas solto no dia seguinte.
Procurado, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-RS) informou que a cabeleireira não havia informado as autoridades sobre o descumprimento pelo ex-companheiro da medida protetiva, "razão pela qual não havia pedido de prisão preventiva contra ele". O TJ-RS também informou que não foi comunicado sobre os áudios gravados pela mulher, nos quais ela é ameaçada pelo investigado.