Uma operação policial foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (30), em nove cidades gaúchas, para prender 32 suspeitos de integrar uma organização criminosa que aplica o golpe dos nudes e que, em cinco meses, movimentou cerca de R$ 5 milhões. Em pouco mais de um ano, o grupo teria extorquido mais de cem vítimas no Rio Grande do Sul e em outros seis Estados.
Um total de 187 agentes, com apoio de helicóptero, cumpre 146 ordens judiciais nos municípios de Porto Alegre, Alvorada, Esteio, Sapucaia do Sul, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Montenegro, Charqueadas e Viadutos. Até as 9h, 20 pessoas já haviam sido presas, uma delas, inclusive usava tornozeleira eletrônica.
Conforme a investigação, com ordens de dentro das cadeias, os golpistas usaram indevidamente os nomes de vários policiais, inclusive o do delegado Mario Souza, diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, para intimidar vítimas em várias partes do Brasil.
Investigação
Uma investigação foi iniciada há cinco meses, por meio da Delegacia de Esteio, que faz parte da regional. Contudo, o monitoramento da movimentação dos suspeitos já havia começado há pelo menos um ano, pelo fato de que eles estavam usando nomes de investigadores e delegados gaúchos.
Foram feitas várias apurações e obtidas provas, como troca de mensagens, que confirmaram o envolvimento de um grande grupo comandado por pelo menos um detento. No total, três presos de três diferentes presídios participam do esquema, conforme a polícia.
O delegado Souza destaca que vítimas da região metropolitana de Porto Alegre, de São Paulo e de Santa Catarina, mas principalmente do interior gaúcho, entraram em contato após terem sido enganadas pelos suspeitos. Há vítimas também de Rondônia, Tocantins, Pernambuco e Paraná.
— Policiais destas regiões me ligavam porque estavam usando meu nome. Não só o meu, mas de alguns delegados e investigadores também, para intimidar as vítimas. Em alguns casos, estas pessoas pagaram de R$ 5 mil até R$ 15 mil, em média, para os criminosos — diz.
Das 146 ordens judiciais, 32 são de prisão preventiva, 44 de busca, 25 quebras de sigilo bancário com 32 bloqueios de contas, além de 13 sequestros de bens — 12 veículos e um imóvel — e apreensão judicial de R$ 600 mil. Ao todo, o grupo usou pelo menos 200 contas bancárias em nome de laranjas e, a partir de agora, todas que ainda não foram bloqueadas também serão alvo de investigação. Os crimes apurados são de extorsão e associação criminosa.
— Foi a maior investigação que tivemos no Estado e até uma das maiores do Brasil para desarticular quadrilha que aplica o golpe dos nudes. É uma questão de honra até, isso porque usam muitas vezes, inclusive, o meu nome — diz o delegado Fabio Motta Lopes, subchefe da Polícia Civil.
Os nomes dos suspeitos não estão sendo divulgados porque a apuração continua, principalmente na questão da lavagem de dinheiro, mas também para identificar mais vítimas dos golpes, que podem ligar para os seguintes números: (51) 3425.9063 e (51) 98459-0259. Também podem acessar o site da Polícia Civil.
Golpe dos nudes
O chamado golpe dos nudes (veja mais abaixo) ocorre quando uma pessoa finge ser uma adolescente — personagem interpretado geralmente por presidiários, já que usam imagens falsas — e mantém contato com homens mais velhos para trocar fotos íntimas, simulando depois acionar pais e a polícia para exigir dinheiro, com o objetivo de não expor a situação.
Em um dos casos, neste ano, em Viamão, que foi motivo de investigação da Polícia Civil também, uma das vítimas, que perdeu R$ 100 mil, tirou a própria vida ao saber que caiu em um golpe. Em outro, no mês passado, agentes prenderam suspeitos, também comandados de dentro da cadeia, que criaram até um roteiro entre os detentos sobre como interpretar personagens para extorquir as pessoas.
Como não cair no golpe:
- Evite iniciar conversas por meio de aplicativos de mensagens com perfis desconhecidos
- Não troque fotografias, que possam ter conotação íntima, por meio de aplicativos, como WhatsApp ou Messenger
- Evite conversas por meio de aplicativos com prefixo telefônico desconhecido
- Não faça depósitos, transferências ou pagamentos para desconhecidos
- Se for vítima de algum golpe ou de tentativa de abordagem desse tipo, procure a polícia e registre ocorrência