Foi sepultado pouco depois das 11h30min desta manhã, no Cemitério Jardim da Paz, em Porto Alegre, o corpo de Cristiane da Costa dos Santos. Aos 20 anos, a jovem foi morta em um assalto na zona sul da Capital, na noite da última quinta-feira (23).
O corpo saiu do salão nobre em um caixão branco, seguido por um grupo de mais de 80 pessoas, entre amigos e familiares. Em silêncio, eles percorreram uma das ruas do cemitério até o local onde o corpo foi sepultado. Dentre os parentes e amigos, chamava a atenção o grande número de jovens.
O velório começou às 7h, restrito a amigos e familiares. Por conta da pandemia, apenas 15 pessoas por vez podiam ingressar no local, de forma que havia um revezamento e algumas aguardavam do lado de fora.
Na noite da última quinta, a jovem aguardava o ônibus com outras pessoas na Avenida Chuí quando foi abordada por criminosos. A Polícia Civil acredita que ela tenha se atrapalhado na hora de entregar o celular e, por este motivo, tenha sido baleada. Ela foi atingida no peito e morreu no local.
Na manhã deste sábado, a família preferiu não conversar com a imprensa. Em entrevista anterior a GZH, o tio de Cristiane, Ulisses da Costa, 61 anos, contou que a jovem estava há seis meses em seu primeiro emprego, no BarraShoppingSul - de onde havia saído minutos antes de ir à parada de ônibus na noite de sua morte. Seu objetivo era retomar os estudos para voltar a cursar Jornalismo.
Há cerca de dois meses, segundo a família, Cristiane havia sido vítima de uma tentativa de assalto na mesma parada de ônibus. Naquela noite, no entanto, conseguiu escapar, correndo para dentro do shopping.
– Era a rotina dela pegar ônibus ali porque é onde passam para ir para a Otto (Niemeyer, avenida da Zona Sul). Não tinha outra opção de local para ela pegar. As colegas dela viviam se cuidando, porque as mulheres acabavam sendo mais alvo. Ela deve ter ficado nervosa, não conseguiu abrir a bolsa. O celular dela não estava na mão, deve ter feito gesto de abrir a bolsa e ele atirou – contou o tio.
A avó Eloísa, falecida há dois anos, também está enterrada no Cemitério Jardim da Paz.
Investigação
A Polícia Civil já tem três suspeitos do crime. Um deles está preso por receptação e porte ilegal de arma - ele foi detido com um veículo roubado na madrugada após o latrocínio. O outro está preso por conta de um mandado de prisão por outro crime, e o terceiro está solto.
Conforme a delegada Luciana Smith, nenhum dos presos está detido pelo crime de latrocínio. A polícia investiga a participação deles. No entanto, já sabe que não há vinculação entre os três.
– Não existe vinculação entre eles, porque foram presos em situações diferentes e não estão ligados. Talvez algum deles tenha ligação com o latrocínio, mas aí teríamos que chegar aos outros comparsas.
A polícia divulgou imagens de um estabelecimento na região que mostram duas pessoas fugindo após a morte da jovem. Essa filmagem será usada na investigação, junto com outros elementos que são apurados. Os depoimentos serão retomados na segunda-feira.