A primeira audiência para oitiva de testemunhas do processo que apura a morte de João Alberto Silveira Freitas ocorreu na quarta-feira (18). Ele foi espancado nas dependências do supermercado Carrefour, na zona norte de Porto Alegre, em novembro do ano passado.
Três pessoas convocadas pela acusação foram ouvidas, de forma presencial, no Foro Central de Porto Alegre: a esposa de João Alberto, Milena Borges Alves; um ex-funcionário do Carrefour Milton Rafaeli Machado; e Priscila Brasil Geoss, que presenciou parte da situação envolvendo João Alberto e os seguranças do supermercado.
Segundo o advogado de Milena, Gustavo Nagelstein, o depoimento mais importante foi o do ex-funcionário do Carrefour que já trabalhou na segurança do supermercado. Ele criticou os procedimentos da equipe durante abordagem de suspeitos.
De acordo com Nagelstein, Machado disse que achava a abordagem da equipe muito truculenta, e teria sido por isso que pediu demissão.
Já Priscila deu um depoimento breve. Ela não viu toda a cena de agressão contra João Alberto, apenas o momento em que ele era levado para fora do supermercado pelos seguranças e funcionários.
Milena, por sua vez, contou que João Alberto estava trabalhando como auxiliar de pintor na época do crime, o que, segundo Nagelstein, derruba a alegação da defesa de que ele consumia substâncias tóxicas, como solvente:
— Era uma atividade rotineira de trabalho. Ele era pintor. Ela (Milena) também disse que ele era um bom marido, bom para a família. Que, dentro de casa, era uma pessoa espetacular.
Para o advogado, a primeira audiência para oitivas foi importante:
— Ficamos satisfeitos porque a juíza respeitou muito a Milena. É uma situação difícil para ela vivenciar tudo. As defesas queriam reproduzir as imagens para que ela desse o depoimento, e a juíza não permitiu. Obviamente, por respeitar os sentimentos da Milena.
A audiência foi conduzida pela juíza de Direito Lourdes Helena Pacheco da Silva, da 2ª Vara do Júri. A próxima oitiva está marcada para a próxima quarta-feira (25), quando serão ouvidas novas testemunhas de acusação. Até dezembro, estão marcadas mais nove audiências para ouvir outras 30 pessoas indicadas pela acusação e pelas defesas dos seis réus.
São acusados os seguranças Magno Braz Borges e Giovane Gaspar da Silva, a fiscal de loja Adriana Alves Dutra, o também segurança Paulo Francisco da Silva, e os funcionários do supermercado Kleiton Silva Santos e Rafael Rezende. Todos respondem por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima) com dolo eventual.