A Polícia Federal (PF) deflagrou, na manhã desta quarta-feira (25), a Operação Vita Continuat, que apura crimes de lavagem de dinheiro a partir do grupo investigado na Operação Egypto.
A PF não informa o nome da empresa, mas GZH confirmou tratar-se da Indeal, que tinha sede em Novo Hamburgo. O negócio havia sido alvo da Operação Egypto, em maio de 2019, por captar recursos de terceiros, sem a autorização dos órgãos competentes, para investir no mercado de criptomoedas — conforme a investigação à época, a promessa aos clientes seria de rendimentos de até 15% no primeiro mês de aplicação, em um negócio classificado por terceiros como o de "pirâmide financeira".
Na manhã desta quarta, são cumpridos cinco mandados de prisão e 12 de busca e apreensão em Dois Irmãos e Estância Velha, no Rio Grande do Sul, em Florianópolis (SC), São Paulo (SP) e Suzano (SP). São três mandados de prisão em São Paulo, um em Florianópolis e um em Estância Velha - até o momento, quatro pessoas foram detidas.
Dentre os cinco alvos dos mandados de prisão, três já haviam sido presos na Operação Egypto.
A investigação indica manobras para ocultação de patrimônio por sócios da empresa, ocorridas após a deflagração da ação em 2019. Segundo a PF, dados coletados em análises de documentos e mídias apontaram que alguns dos sócios mantiveram negócios com patrimônio em nome de terceiros, e também buscaram acesso ao capital acumulado antes da primeira fase da Operação Egypto.
A PF identificou novos suspeitos como parceiros de negócios dos investigados na operação anterior, que já são réus. Eles terão, portanto, seus empreendimentos investigados.
O nome da operação, Vita Continuat, é uma expressão em latim que significa "vida que segue". Faz referência ao fato de que os envolvidos na Operação Egypto seguiram usufruindo dos recursos ilícitos obtidos, agora identificados na nova ação deflagrada.
Os investigados poderão responder, de acordo com a participação individual, pelos crimes de lavagem de dinheiro e organização criminosa. Os bens e valores identificados na investigação serão colocados à disposição da Justiça Federal.
Contraponto
O que dizem os advogados da Indeal
Em nota, a defesa afirma que "nunca houve a prática de fraude pelos sócios da Indeal, na prestação de serviços de gerenciamento de compra e venda de ativos criptográficos".
"A Indeal efetuava os resgates e aplicações em criptomoedas em conformidade com os contratos e somente teve problemas de débitos com seus clientes após o bloqueio de suas contas e apreensão de bens após ações da Operação Egypto, ocorrida em maio de 2019", diz o texto.
A nota afirma ainda que os sócios da Indeal "não praticaram qualquer ato de ocultação de bens, nem particulares e nem mesmo bens da empresa".
"É fundamental pontuar que os sócios empregam esforços constantes para que a empresa Indeal cumpra com todas as suas obrigações legais e trabalham para concluir acordos com seus credores a fim de viabilizar a recuperação judicial da empresa e consequentemente o pagamento de todos os seus débitos (...) As tratativas do acordo seguem em vigência e podem ser efetuadas no endereço eletrônico acordoindeal.com.br", informa o comunicado, assinado pela Matarasso Albuquerque Advogados.