Cinco empresários, três deles acompanhados das esposas, e mais dois colaboradores da Indeal, de Novo Hamburgo são os principais alvos da Operação Egypto. A investigação da Polícia Federal (PF) aponta que a empresa do Vale do Sinos teria captado cerca de R$ 1 bilhão de clientes, entre fevereiro e maio deste ano. A promessa seria de rendimentos de até 15% ao mês no investimento no mercado de criptomoedas. Os 10 investigados detidos na durante a operação seguem presos.
Como proprietário da firma que deu origem a Indeal, é apontado pela investigação da PF Régis Lippert Fernandes, que seria responsável pela administração da empresa. Ao lado, estão outros quatro sócios: Francisco Daniel Lima de Freitas, Ângelo Ventura da Silva, Marcos Antônio Fagundes e Tássia Fernanda da Paz. As esposas de três proprietários também são apontadas como integrantes do esquema, assim como outros dois colaboradores, responsáveis por áreas mais técnicas.
O principal crime apurado pela Operação Egypto é a atuação como instituição financeira sem autorização do Banco Central. A Indeal teria captado clientes interessados em aportar recursos em troca de um retorno prometido de 15% no primeiro mês após o investimento. O retorno seria decorrente do resultado obtido pela empresa em negociações no mercado de compra e venda de criptomoedas.
A investigação apontou ainda que a maior parte dos investimentos da empresa não seria feito em criptomoedas e sim em outros modelos tradicionais, que não permitiram rendimento no patamar prometido.
Uma das conversas monitoradas ao longo da investigação apontou que um cliente da região Nordeste do Brasil demonstrou interesse em investir cerca de R$ 500 mil. A maioria dos investidores, no entanto, 80% deles, teriam feito aporte de até R$ 20 mil. A captação dos clientes acontecia por meio de aplicativos de mensagens e por telefone, seguida de reuniões com os interessados.
Ainda que tenha feito as negociações com criptomoedas, segundo a PF, a empresa estar atuando como instituição financeira clandestina, já que não tinha autorização para captar recursos de terceiros (investidores). Além disso, conforme a PF, a maior parte dos recursos dos clientes estaria sendo aplicada em investimentos convencionais e não em criptomoedas. Para os investigadores, caso todos os investidores resolvessem retirar os valores, a empresa não teria condições de ressarci-los.
Contraponto
Os presos foram encaminhados para o Presídio Central e para o Presídio Estadual Feminino Madre Pelletier. Em depoimento, os sócios permaneceram em silêncio. A reportagem de GaúchaZH ligou cinco vezes para a advogada Veridiana Fumegalli Paiva, que defende os presos, mas não obteve retorno.
Além dos crimes de operação de instituição financeira sem autorização legal, gestão fraudulenta, apropriação indébita financeira, lavagem de dinheiro e organização criminosa, o inquérito apura o envolvimento de pessoas que teriam tentado obter informações sigilosas da investigação e que foram identificadas.