Um policial militar de Ijuí, que estava afastado do trabalho, teria feito disparos em via pública depois de supostamente sofrer um surto psicótico, na noite do sábado (5). A casa do policial militar Monir Antônio Pazze foi cercada pela Brigada Militar BM) e, três horas depois, ele aceitou se entregar. Na manhã deste domingo (6), ele seguia em avaliação médica no Hospital de Caridade de Ijuí para verificar a necessidade de ser internado para tratamento.
Segundo registro da BM, foi apreendida com ele uma pistola particular com 10 cápsulas deflagradas e duas intactas. A arma funcional de Monir já havia sido recolhida em função dele estar afastado do trabalho desde março. Conforme informações da corporação, ele fazia um tratamento médico e o surto pode ter sido causado pela mistura de remédios com bebida alcoólica.
Enquanto estava isolado dentro de casa com a mãe, o soldado enviou mensagem de áudio para uma pessoa das suas relações dizendo que queriam matá-lo em represália por ele ter feito denúncias de irregularidades contra policiais militares por desvio de materiais de construção. Em mensagem para outra pessoa, reforçou ter denunciado oficiais por supostos desvios de verbas.
O comandante da BM de Ijuí, tenente-coronel Edilson Della-Flora Góes, disse que o soldado teria feito alguma denúncia nesse sentido à Justiça Militar, mas que nada chegou oficialmente ao conhecimento do comando. Góes explicou que agora o assunto será apurado.
O soldado estava afastado das funções desde março por estar respondendo a Conselho de Disciplina, que vai verificar se ele tem condições de permanecer atuando na BM. No ano passado, ele protagonizou situação semelhante à de sábado.
Na noite de 15 de agosto de 2020, a BM foi acionada para uma ocorrência de disparos de arma de fogo em via pública, no bairro Herval. No local, identificou que o suspeito seria o policial militar Monir. Durante o atendimento da ocorrência, o soldado teria desacatado e ameaçado colegas.
Foi preso em flagrante na ocasião por, em tese, praticar os crimes de desacato a superior, desrespeito a superior, desacato a militar e ameaça. E respondeu a procedimento. Conforme o tenente-coronel Góes, desde então, ele teve afastamentos para tratamento de saúde e, agora, estava efetivamente fora das funções.
Ao longo do domingo, ainda será avaliado se a Justiça Militar vai decretar ou não a prisão de Monir. Novo inquérito militar será feito para apurar o episódio deste sábado, além de eventuais denúncias feitas por ele. A Polícia Civil registrou ocorrência por disparo de arma de fogo em via pública. Monir está há 20 anos na corporação.
GZH tentou contato com familiares do soldado por intermédio da Associação Beneficente Antônio Mendes Filho da Brigada Militar (Abamf, que representam cabos e soldados da BM). Conforme o vice-presidente da entidade, Jairo Rosa, a esposa de Monir disse que ele nunca teve problemas psicológicos e o que fazia era tratamento para problemas musculares. Ela também disse desconhecer o teor de denúncias que o marido teria feito envolvendo outros PMs.