A Polícia Civil do Estado do Rio de Janeiro (PCERJ) reduziu de 29 para 28 o número de mortos no massacre do Jacarezinho, favela da zona norte da cidade, na última quinta-feira. Destes, 27 são classificados pela polícia como "criminosos". A eles se soma o inspetor André Leonardo de Mello Frias, também morto na operação.
A informação de 29 mortos no Jacarezinho foi divulgada pela Polícia Civil neste sábado. Mas, no início da noite, o número foi revisto para 28. O argumento é que um dos nomes foi inserido duas vezes na lista.
"O equívoco aconteceu por conta de dois corpos que não estavam identificados no hospital, mas que já tinham sido identificados pela Delegacia de Homicídios, o que causou a contagem dupla", informou a PCERJ, em nota divulgada pela sua assessoria de imprensa.
Tocada para cumprir mandados contra pessoas ligadas ao tráfico, a incursão, na prática, terminou com pouco resultado efetivo e muitas mortes. Em alguns casos, segundo representantes da Defensoria Pública e de moradores, há indícios de mortos sem confronto ou que já estavam feridos e rendidos.
Defensores falam em execução e classificam o episódio como uma chacina. Também causou estranheza o fato de a maioria dos óbitos ter acontecido depois que o policial Frias foi morto. Observadores levantaram a hipótese de vingança por parte dos agentes — o que a corporação nega. Nesta sexta (7), um grupo de moradores protestou contra a violência policial no Jacarezinho.
A operação é alvo de investigação do Ministério Público do Rio. No âmbito penal, a Promotoria apura se houve abusos da polícia. Para isso, conta com informações que chegaram aos canais de denúncia do órgão e com o que promotores viram e ouviram no local no dia da ação.
"Os promotores de Justiça integrantes da Coordenadoria-Geral de Segurança Pública, do GTT - Segurança Pública e da Coordenadoria-Geral de Promoção da Dignidade da Pessoa Humana estão acolhendo relatos e demais elementos de prova, para subsidiar as investigações", disse o MP.
"Dentre esses elementos, foram recebidas comunicações de cidadãos, instituições, associações e coletivos, trazendo relatos, imagens e vídeos da operação, que foram imediatamente levados ao conhecimento da 1ª Promotoria de Justiça de Investigação Penal Especializada da Capital, responsável pelo procedimento investigatório."
Além disso, o órgão enviou um perito próprio para acompanhar os trabalhos do Instituto Médico Legal (IML), onde estão os corpos. A instituição é vinculada à própria Polícia Civil.