Na noite de domingo (16), conforme imagens e informações da Polícia Civil, Marcos de Moraes Antunes, 30 anos, entrou em um restaurante na cidade de Jaboticaba, no norte do Rio Grande do Sul, e trocou poucas palavras com José Antônio Rocha Monteiro, 53 anos, que era cliente do local. Em segundos, atirou na cabeça da vítima, que morreu na hora. Antes de sair do estabelecimento, foi interceptado pelo policial Fabiano Ribeiro de Menezes, 51 anos. Houve luta corporal, e o homem atirou no comissário, que, mesmo caído, revidou. Menezes faleceu a caminho do hospital, e o atirador está sob custódia após atendimento médico devido a três tiros.
O objetivo da investigação, agora, é ouvir Moraes mais breve possível, já que não corre risco de vida. A namorada dele, que não estava no local, já prestou depoimento. A polícia apura a motivação do crime.
Imagens de câmeras de segurança estão sendo usadas como provas, mas também para identificar todas as 25 pessoas que estavam no estabelecimento comercial. Até as 11h desta segunda-feira (17), seis haviam sido ouvidas: o proprietário, um funcionário e quatro clientes.
A investigação está a cargo do delegado Gustavo Fleury. Ele comanda uma equipe que está tomando depoimentos, encaminhando pedidos periciais e ouvindo testemunhas. Por enquanto, não se tem o motivo confirmado, mas algumas pessoas já procuraram a delegacia da cidade para informar que havia uma rixa envolvendo integrantes das famílias de Moraes e Monteiro, sendo a causa dos crimes uma vingança. A delegada da 14ª Delegacia Regional, Alinde Dequi, diz que todos os fatos que são repassados estão sendo checados, mas que nada pode ser confirmado, principalmente até o depoimento de Moraes.
Atirador
A Polícia Civil não repassa informações sobre o autor dos tiros que mataram Monteiro e o comissário, mas GZH apurou que Moraes é morador da cidade de Jaboticaba, que tem pouco mais de 3,7 mil habitantes e fica distante 33 quilômetros de Palmeira das Missões. Ele tem passagem pela polícia por porte ilegal de arma de fogo, neste ano, além de ameaça, vias de fato, lesão corporal culposa em direção de veículo e abandono de material suspeito. São ocorrências contra ele e que ainda estão sendo apuradas.
Um morador da cidade, que pediu para não ter o nome divulgado, destaca à GZH que Moraes se dizia atirador. Sem falar em nomes, a delegada Aline confirma que o investigado tem porte de arma apenas para transporte, por exemplo, a um clube de tiro, sendo atirador de fato e colecionador.
— Mas instrutor ele não era, não tinha curso e tão pouco habilitação para isso. Sobre passagens pela polícia, estamos averiguando todas para confirmar se alguma envolve a primeira vítima que foi morta por ele — diz Aline.
GZH ainda não conseguiu contato com familiares de Moraes e, segundo Aline, até as 11h, nenhum advogado que pudesse defendê-lo havia se apresentado à polícia.
Vítimas
Monteiro, segundo informações da polícia, tinha cerca de 15 antecedentes criminais, sendo os mais recentes por violência doméstica, ameaça, porte ilegal de arma de fogo e roubo. Ele era de Palmeira das Missões e residia no interior do município do norte gaúcho, na localidade de Linha Fortaleza. Segundo testemunhas, ele trocou poucas palavras com o atirador, e Aline confirma que ambos já se conheciam. A delegada diz que foram três frases:
– Amigo? – disse Moraes.
– Amigo eu tenho aos montes – respondeu Monteiro.
– Nem levanta – disse Moraes antes de atirar.
Monteiro levou um tiro na testa, morrendo no local. GZH, por meio da polícia, tenta contato com familiares da vítima e com algum advogado dele.
Já o comissário Menezes, segundo imagens e testemunhas, estava no balcão do restaurante conversando com o proprietário. Aline diz que Moraes passou por ele e, logo depois disso, o policial — de folga — sacou a arma e deu voz de prisão. O atirador se virou e disparou contra o agente, que, mesmo caindo, disparou também, atingindo Moraes em um dos braços, em uma das pernas e no quadril. O comissário chegou sem vida ao hospital, e Moraes passou por cirurgia. Menezes deixa dois filhos e, durante velório, em Jaboticaba, foi homenageado por colegas. O sepultamento será terça-feira (18), em Porto Alegre.
A investigação continua e a polícia quer saber ainda nesta segunda-feira os motivos do crime.