Um computador e um pen drive recolhidos pela Polícia Civil na casa de Fabiano Kipper Mai, 18 anos, que matou três bebês e duas educadoras na creche Aquarela, em Saudades, Santa Catarina, são considerados peça-chave na investigação sobre o crime. Por meio deles, policiais esperam chegar à resposta da principal pergunta no momento: sob qual motivação o assassino agiu.
Os dois itens foram recolhidos ainda na terça-feira (4), dia do ataque, na casa do agressor. Os investigadores também procuraram um celular, mas a informação de familiares e amigos é de que ele não possuía um.
Ainda na quarta-feira (5), a Justiça autorizou o Instituto-Geral de Perícias catarinense (IGP-SC) a vasculhar os hardwares. O trabalho segue sendo feito. Um policial adiantou a GZH que "farto material foi encontrado".
A polícia quer saber se Kipper Mai participava de fóruns na deep web, a camada mais profunda da internet, na qual são incentivados crimes desse tipo.
Caso se confirme, o crime teria contexto semelhante ao que aconteceu no ataque à escola Raul Brasil, em Suzano, no interior de São Paulo, em março de 2019. A investigação da polícia paulista identificou que era por meio desses fóruns que a ideia do ataque surgiu.
O delegado regional de Chapecó, Renato Casagrande, confirmou que é nesse ponto que a investigação está concentrada.
— Nós estamos analisando a questão de dados extraídos de equipamentos eletrônicos. A partir daí, vamos traçar um perfil e ver se as informações desses equipamentos são convergentes com as das testemunhas — explicou o policial.
Foi pelo computador, por exemplo, que o rapaz comprou a espada utilizada no crime. As informações contidas na máquina também podem auxiliar a explicar desde quando ele planejava o ataque.
O IGP-SC disse que não está autorizado a falar quanto tempo precisa para chegar ao resultado das análises.
Depoimentos de pessoas próximas do agressor indicam que ele era quieto, de poucos amigos ou vida social. Um colega de trabalho contou que ele não era de falar, geralmente só ria de algumas piadas.
Os pais de Kipper Mai foram ouvidos apenas de maneira informal e um depoimento ainda deve ser agendado na delegacia. A casa da família está deserta.
Segundo a polícia, mais de uma dezena de testemunhas já foram ouvidas na investigação.
Prazo do inquérito
A polícia tem 30 dias para concluir o inquérito. No entanto, segundo o delegado, a intenção "é concluir bem antes".
O agressor segue hospitalizado em Chapecó. Ele foi submetido a uma cirurgia e está em coma induzido na Unidade de Terapia Intensiva. A prisão preventiva foi concedida pelo Judiciário também na quarta (5).
Quem são as vítimas
O ataque com uma espada matou Sarah Luiza Mahle Sehn, um ano e sete meses, Anna Bela Fernandes de Barros, um ano e oito meses, Murilo Massing, um ano e nove meses, Mirla Amanda Renner Costa, 20 anos, e Keli Adriane Aniecevski, 30.
Um bebê também atacado pelo criminoso passou por cirurgia e deixou a UTI na quarta. Ele foi socorrido por uma professora que mora ao lado do colégio.