O vereador carioca Dr. Jairinho (Solidariedade) foi preso pela Polícia Civil do Rio de Janeiro, nesta quinta-feira (8), por suspeita de envolvimento na morte do enteado dele, Henry Borel, de quatro anos, ocorrida no último dia 8 de março. A mãe da criança, Monique Medeiros, também foi presa.
Os mandados foram expedidos na quarta-feira (7) pelo 2º Tribunal do Júri do Rio de Janeiro. A prisão é temporária, válida por 30 dias.
A polícia sustenta que o menino foi assassinado. Segundo a investigação, Dr. Jairinho agredia o enteado com chutes e golpes na cabeça, e Monique sabia disso pelo menos desde fevereiro.
Os dois também são suspeitos de atrapalhar as investigações e de ameaçar testemunhas para combinar versões.
Desde o dia 8 de março, os investigadores ouviram pelo menos 18 testemunhas e reuniram provas técnicas que descartariam a hipótese de acidente — levantada pela própria mãe da criança em termo de declaração na delegacia.
Henry morreu no Hospital Barra D'Or, para onde foi levado pelo casal, que alegava tê-lo encontrado desmaiado no quarto onde a criança dormia. O menino estaria com olhos revirados, pés e mãos geladas e dificuldades para respirar. Segundo os médicos, o garoto chegou ao estabelecimento em parada cardiorrespiratória.
Ação violenta
Um laudo assinado pelo médico legista Leonardo Huber Tauil, obtido pelo portal G1, feito após duas autópsias realizadas no cadáver da criança, nos dias 8 e 9 de março, apontou que Henry sofreu "múltiplos hematomas no abdômen e nos membros superiores", "infiltração hemorrágica" na parte frontal, lateral e posterior da cabeça, apontou "grande quantidade de sangue no abdômen", "contusão no rim" e "trauma com contusão pulmonar".
A causa da morte, segundo o laudo, foi por "hemorragia interna e laceração hepática (danos no fígado) causada por uma ação contundente (violenta)".
Conselho de Ética da Câmara
A vereadora Teresa Bergher (Cidadania), do Conselho de Ética da Câmara Municipal do Rio, pedirá ainda nesta quinta-feira (8) que Dr. Jairinho seja afastado do colegiado. O conselho se reunirá às 18h, na sala das comissões da Câmara.
Jairinho ingressou no Conselho de Ética em 11 de março, três dias após a morte do menino. Se for afastado, o seu suplente no conselho é o vereador Luiz Ramos filho (PMN).
— Precisa ser afastado imediatamente. Pela imagem da Casa, pela credibilidade de cada um de nós vereadores e por respeito a esta criança vítima de um cruel assassinato e a toda população que representamos — disse Teresa.
Ligação para o governador
Depois da morte do menino, Dr. Jairinho telefonou para o governador Claudio Castro (PSC) e relatou o ocorrido, segundo o jornal O Globo. Castro afirmou ter dito que o caso seria investigado pelas autoridades responsáveis, sem interferências.
Há relatos de que o vereador teria procurado outras autoridades. Nas investigações, a polícia colheu depoimentos de outras agressões supostamente cometidas pelo político, envolvendo mulheres e crianças. A defesa dele nega.
Dr. Jairinho é filho do ex-deputado estadual Coronel Jairo (SDD), que foi preso na Operação Furna da Onça e atualmente é suplente na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj).