Uma mulher foi condenada a cinco anos de prisão em regime semiaberto por exploração sexual de adolescentes. Conforme a denúncia do Ministério Público, ela e um homem, que era o dono de uma agência de modelos na Região Central, a GL Models, enganavam e chantageavam adolescentes dos 14 aos 17 anos. Com a promessa de grandes cachês, visibilidade e uma carreira promissora, a dupla aliciava as vítimas a fazerem fotos nuas e até manter relação sexual com o homem, que também era o fotógrafo da agência, e com outras pessoas.
Os abusos ocorriam nas sedes da empresa em Santa Maria e em São Pedro do Sul. Também ocorriam na cidade de Rio Grande, para onde uma vítima foi levada para um suposto trabalho de modelo, mas onde precisou manter relações sexuais com o dono da agência e outro homem.
A condenação da mulher foi confirmada pela 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça na semana passada. Ela poderá recorrer da decisão em liberdade. O dono da agência responde em processo separado, porque houve o pedido de exame de sanidade mental do mesmo.
Os crimes ocorrem entre 2012 e 2014, conforme o Ministério Público. Uma das manobras usadas pelos criminosos era fazer um contrato com as adolescentes incluindo o valor para realização de cursos. Como elas não tinha condições de pagar, o dono não cobrava em dinheiro, mas chantageava as adolescentes para que elas fizessem o que ele pedisse.
A Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente de Santa Maria começou a investigar o fato em 2014, após receber a denúncia do tio de uma das vítimas.
Conforme a investigação da Polícia Civil apurou, as promessas eram o principal artifício da dupla. Durante a Copa do Mundo no Brasil, em 2014, foi oferecido a adolescentes que viajassem ao Rio de Janeiro e a São Paulo para que elas acompanhassem empresários e jogadores de futebol por um cachê de R$ 17 mil. Para uma adolescente, foi dito que ela poderia ganhar R$ 1 milhão pela sua virgindade.
Durante os ensaios fotográficos, o homem também tocava nos seios e nas nádegas das meninas, alegando que estava arrumando as roupas íntimas para as fotos. Também era realizadas festas em que era fornecida bebida alcoólica pelas adolescentes e elas eram forçadas a manter relações sexuais com o dono da agência e outros dois homens.
Outros dois homens chegaram a ser denunciados por filmarem e participarem em cenas de sexo com as adolescentes, mas foram absolvidos. De acordo com as sentenças, eles não sabiam que as vítimas eram menores de 18 anos. Além disso, eles não tinham ingerência na empresa, apenas participavam das festas em que as situações ocorriam.
Conforme o advogado dos dois, Daniel Tonetto, ficou comprovado que os clientes não participaram de nenhum ato criminoso. Eles foram absolvidos em primeira e segunda instâncias. Como o processo está em segredo de Justiça, em virtude da proteção às adolescentes, os nomes dos acusados não foram divulgados.
Em nota, os advogados da mulher, Wedner Lima e William Lima, destacaram que vão recorrer da decisão porque há provas que ela não participou dos atos:
"O resultado de manutenção da condenação pelo crime de favorecimento a prostituição não era o esperado pela defesa. Vamos interpor embargos de declaração porque a prova produzida durante o processo demonstrou que ela não participou dos atos libidinosos e em nenhum momento favoreceu a prostituição".