Mais de cinco meses depois da primeira prisão, também em Canoas, e quase dois meses após ter sido solto, o terapeuta holístico Rogério Pizzato, 35 anos, foi preso preventivamente mais uma vez na sexta-feira (4). A prisão preventiva realizada pela Delegacia da Mulher da cidade foi divulgada na manhã deste sábado (5). O acusado, que é réu em processo judicial pela suspeita de ter abusado sexualmente de pelo menos 10 pacientes durante as sessões de terapia, estava usando tornozeleira eletrônica. Ele voltou para a prisão após o Ministério Público (MP) recorrer por entender que havia riscos de possíveis novos casos e de coação das vítimas.
Pizzato começou a ser investigado em maio deste ano pela delegada Clarissa Demartini, da Delegacia de Mulher de Canoas, por abuso sexual de duas mulheres durante as sessões de terapia. Após a prisão, em 29 de junho, 10 vítimas prestaram depoimento contra o suspeito. Além do abuso, as mulheres relataram perdas de valores, sendo que uma delas confirmou ter repassado R$ 25 mil em cursos e terapias.
— Foi uma investigação bastante complexa, pois a prova testemunhal sempre vinha carregada de emoção. Chegamos a esse resultado através de escuta qualificada e empatia com as vítimas que procuraram a delegacia. A violência que elas sofreram se perpetuou por muito tempo, o que as deixou fragilizadas e, muitas vezes, com sentimento de responsabilidade por aquilo que aconteceu — destaca Clarissa.
Já o diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, diz que o trabalho qualificado teve um importância social para coibir casos semelhantes.
— Esta investigação possibilitou que interrompêssemos a violência que estava acontecendo há anos. Foram dez mulheres identificadas, mas estimamos que outras possam ter sido vítimas dos atos deste terapeuta, que, por vergonha, permanecem no anonimato — ressalta.
Indiciamento
O investigado foi indiciado pelo crime de violação sexual mediante fraude e em agosto foi denunciado pela MP, sendo depois réu em processo judicial. Dia 10 de outubro, ele obteve liberdade e passou a usar tornozeleira eletrônica, mas a Promotoria recorreu em instância superior por considerar que poderia ter risco de novos casos ou até mesmo coação das vítimas. Por isso, nova prisão foi decretada pelo Tribunal de Justiça, o que ocorreu nesta sexta-feira.
Contraponto
Durante depoimentos, o terapeuta admitiu os contatos sexuais com as mulheres, mas negou os abusos, dizendo que tudo fazia parte do tratamento. O advogado Valdir Jung informou que está analisando a decisão e um possível recurso.
— A defesa segue trabalhando para provar a inocência de Rogério — ressalta.
Em outubro, Jung havia dito anteriormente que a liberdade do cliente não acarretava riscos ao processo por estar sendo monitorado por 24 horas.