Amigas da juíza Viviane Vieira do Amaral Arronenzi lamentam as tentativas da vítima de amenizar os problemas no relacionamento. Três meses depois de denunciar o engenheiro Paulo José Arronenzi à polícia e passar a contar com escolta cedida pelo Tribunal de Justiça (TJ) do Rio, Viviane foi assassinada diante das três filhas, no momento em que entregava elas ao pai, onde iriam passar a noite de Natal na quinta-feira (24).
Segundo fontes consultadas pelo jornal O Globo, a juíza de 45 anos abriu mão do esquema de proteção um mês atrás, porque se sentia incomodada com a presença constante de seguranças. Ela também queria preservar, apesar de tudo, a imagem do homem de 52 anos com quem viveu por mais de uma década.
— Ficou evidente que ela tentava preservar a figura do ex-marido como pai. Tentou se proteger e, ao mesmo tempo, protegê-lo. Acabou abrindo mão da escolta por pena dele — disse uma magistrada do TJ ao O Globo, que pediu anonimato.
Amiga da vítima, a juíza Simone Nacif reforça a tese de proteção das filhas:
— Viviane era uma mulher forte, independente financeiramente e reservada. Estava refém de um relacionamento que demonstrava ser fatal. Ela procurou os órgãos oficiais, fez um registro de ocorrência e chegou a pedir uma escolta, mas pode ser que tenha achado que o perigo havia passado. Queria preservar as filhas.
O crime
Após ser ameaçada de morte por Paulo José, Viviane pediu o esquema de proteção em 14 de setembro. A escolta durou dois meses e, um mês atrás, ela assinou um termo de responsabilidade no TJ pedindo a suspensão do esquema. Na última quinta, Paulo José pediu para encontrar ela e as filhas em uma rua de pouco movimento na Barra da Tijuca, no Rio de Janeiro (RJ). Ao sair do carro para entregar as crianças, a juíza foi atacada a facadas e, logo após o crime, o homem se sentou ao lado do corpo.
Uma equipe da Guarda Municipal prendeu Paulo José, que não conseguia falar o que o motivou a realizar o ataque. No carro dele, foram encontradas três facas, o que qualifica a ação como crime premeditado. Preso na Delegacia de Homicídios, o ex-marido permaneceu calado e falou que só se manifestará perante a Justiça.
Nesta sexta-feira (25), a prisão em flagrante foi convertida em preventiva.