A Polícia Civil indiciou um casal pela ocultação do cadáver de um homem que estava desaparecido há quatro anos em Arroio do Sal, no Litoral Norte. A mulher de 59 anos também responde por homicídio e por ter comunicado uma ocorrência falsa. Na manhã de 12 de novembro, uma ossada foi localizada enterrada na residência onde eles viviam. Daquela mesma casa, Jonathan Martins de Almeida havia sumido em dezembro de 2016. Para a polícia, ele nunca deixou a moradia. A investigação concluiu que ele foi assassinado pela companheira na época e teve o corpo escondido.
No entendimento do delegado Adriano Koehler Pinto, o crime teria sido cometido por ciúme. Ele decidiu indiciar a mulher por homicídio qualificado (pelo motivo torpe), por ocultação de cadáver e por ter comunicado falsamente abandono de lar. O atual marido dela deve responder por ocultação de cadáver. A ossada que seria de Jonathan estava enterrada sob uma área de serviço. Para a polícia, o pedreiro, companheiro da suspeita, teria sido o responsável pela obra, realizada após a morte da vítima. Os dois tiveram prisão preventiva decretada - os nomes deles não são divulgados pela polícia.
A defesa do casal afirma que a mulher pretende confessar o crime à polícia e alega que o marido não possui envolvimento no caso. Por isso, na segunda-feira, foi feito pedido que os dois sejam ouvidos em novo depoimento _ após serem presos, enquanto ainda eram assistidos por outra defesa, eles haviam optado por permanecer em silêncio. Conforme o delegado, a solicitação foi remetida à Justiça, que precisa autorizar as oitivas, já que os dois estão presos.
O crime
Em dezembro de 2016, Jonathan fez o último contato com os familiares - a maior parte reside em Uruguaiana, na Fronteira Oeste. Em janeiro, a então companheira dele procurou a polícia e informou que ele havia saído de casa. Os dois moravam na Avenida Medeiros de Quadros, no bairro São Jorge. Jonathan trabalhava em uma empresa de vigilância e, quando sumiu, deixou a motocicleta que havia comprado e não recebeu os pagamentos pendentes no trabalho.
Meses depois, suspeitando que algo pudesse ter acontecido, a família procurou a polícia e registrou o desaparecimento. Mas até então nenhuma pista concreta sobre o paradeiro de Jonathan havia sido obtida. Nesse período, a ex-companheira dele iniciou novo relacionamento e casou em 2018. Ela seguiu morando na mesma casa onde eles viviam em Arroio do Sal.
Em 12 de novembro, após receber uma informação anônima, a polícia fez buscas na casa. Com auxílio de cães farejadores, a ossada foi encontrada enterrada, sob a área de serviço. A mulher e o atual marido foram presos em flagrante por ocultação de cadáver. Para confirmar se realmente são os restos mortais de Jonathan, o material foi encaminhado para perícia. O DNA da mãe do desaparecido será comparado com o material coletado na ossada.
A defesa
O advogado responsável pela defesa do casal, Vitor Hugo Gomes, informou que a mulher presa pretende confessar que matou o companheiro há quatro anos e que escondeu o corpo dele no pátio da casa. Gomes diz que a mulher já lhe detalhou como se deu o crime. Ele pretende que ela faça o mesmo à polícia. O advogado diz que ela contou ter matado Jonathan durante uma discussão, com um golpe na cabeça. Conforme a defesa, a mulher teria batido nele com uma garrafa de cerveja de um litro.
A defesa alega que a mulher não tinha ciúme do companheiro, conforme a versão dela. Ainda de acordo com o advogado, ela diz ter cometido o crime sozinha e por legítima defesa. Ela afirma, nesta versão, que só conheceu o marido dois anos após o crime, que eles se casaram poucos meses depois, e que ele não tem relação com o caso. Da mesma forma, segundo o advogado, o marido confirma que não sabia de nada até a ossada ser descoberta na casa. O advogado quer que ele seja ouvido para relatar isso à polícia.