O atropelamento de um ciclista há 12 dias na orla do Guaíba, em Porto Alegre, segue sem desfecho. No início da manhã de 25 de outubro, um domingo, Matheus Kowalski, 37 anos, pedalava pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio, quando foi atingido por um Fox vermelho. Após mais de uma semana hospitalizado, o fisioterapeuta recebeu alta na última terça-feira (3), mas a recuperação deverá levar meses.
Segundo o delegado Carlo Butarelli, da Divisão de Delitos de Trânsito do Departamento de Homicídios, as imagens de câmeras cedidas pela Empresa Pública de Transportes e Circulação (EPTC), não permitiram a identificação do veículo. Conforme o policial, até o momento nenhum suspeito foi identificado.
— Estamos tentando localizar outras imagens — afirma.
GZH ouviu um motorista que relata ter visto o veículo envolvido no atropelamento – a placa não é divulgada pela reportagem porque a informação ainda está sendo verificada pela polícia. O morador da Zona Sul, de 51 anos, que pediu para ter a identidade preservada, conta que estava seguindo de carro para o trabalho quando ouviu o barulho provocado pela freada e pelo atropelamento.
Ele diz que se aproximou do Fox, que tentava escapar do local, e gritou com o motorista para que retornasse e prestasse socorro. Dentro do veículo, segundo o relato da testemunha, estava um casal de jovens — o rapaz na direção e a mulher na carona ao lado dele. Mesmo com os apelos do outro condutor, o motorista teria seguido pela Beira-Rio, até ingressar na Avenida Ipiranga.
— Não vi o acidente, não posso dizer nada sobre isso. Mas ele tinha que ter prestado socorro. Quem faz isso, tem que ser punido. Poderia ser um parente meu ou qualquer outra pessoa. Ele foi irresponsável e não quero que saia impune. Poderia ter sido fatal — afirma.
Manifestação
Na manhã deste sábado (07) está prevista a realização de um protesto junto ao Viaduto Abdias do Nascimento, na orla. A manifestação, chamada “Chega de Violência! Segurança no Lazer e no Esporte”, está sendo organizada por ciclistas e entidades vinculadas ao esporte. O protesto deve ter início às 8h. O ciclista atropelado, que é fisioterapeuta da Confederação Brasileira de Atletismo, pretende participar da manifestação:
— Estou com uma tipoia, mas consigo caminhar normalmente. Então a gente vai no evento, sim, e até onde eu sei terá todas as assessorias da cidade presentes.
Em relação ao caso, diz que ainda está aguardando para ser ouvido formalmente pela polícia, e espera que o condutor seja identificado em breve:
— Tem relato de quem viu, tem a placa do carro que a pessoa anotou. Óbvio que eles têm ocorrências infinitamente mais importantes. Mas também tem certa relevância, não pelo Matheus, mas sim pelos outros ciclistas e esportistas — argumenta.
Segundo a Polícia Civil, o fisioterapeuta deverá ser ouvido na próxima semana.
O atropelamento
Às 7h45min, o ciclista retornava sozinho, pela Avenida Edvaldo Pereira Paiva, a Beira-Rio. Vestido com roupa verde limão e capacete laranja, pedalava em uma bicicleta azul, com as luzes de sinalização traseira e dianteira. O trânsito, em razão do horário, estava tranquilo, com poucos veículos circulando. Logo após cruzar um semáforo, próximo ao Beira-Rio, em direção ao Centro, Kowalski ouviu uma freada de carro.
Sem tempo de reagir, foi atingido pelo veículo que vinha atrás dele. Atropelado pelo carro — identificado como um Fox vermelho — tentou se equilibrar, mas caiu ao chão. Na queda, viu o veículo seguindo em fuga e ultrapassando outro carro. Além da fratura no braço, o ciclista também teve hematomas no quadril, nas costas e no joelho direito. Ele passou por cirurgia no Hospital Mãe de Deus, onde permaneceu internado. A previsão é de que a recuperação leve cerca de seis meses.