Um ato ecumênico e uma missa na Igreja São Jorge, no bairro Partenon, na zona leste de Porto Alegre, celebraram e homenagearam João Alberto Freitas, homem assassinado há uma semana dentro do supermercado Carrefour, em Porto Alegre. O ato, nesta sexta-feira (27), foi convocado por entidades ligadas a movimentos negros nas redes sociais.
No viaduto São Jorge, em frente à igreja, uma grande faixa foi estendida, com críticas à rede supermercadista e pedidos de fim ao racismo. Um grupo de cerca de 50 pessoas se reuniu para realizar uma cerimônia de religiões de matriz africana, uma vez que João Alberto Freitas era tamboreiro de um terreiro da Capital. Um dos participantes é o educador Marcelo Pereira, disse que foi até o local para mobilizar as pessoas que passavam pela rua.
— Isso aqui é uma luta justa. O João era tamboreiro (na religião umbandista). Minha família também é de tamboreiros. Uma semana se passou. As imagens são horríveis — disse ele, ainda consternado com as cenas do assassinato.
A pesquisadora e ativista Winnie Bueno participou do ato e ressaltou a importância de realizar uma cerimônia de união entre diferentes crenças religiosas.
— A religião tem uma participação importante na luta contra o racismo. Fizemos esse movimento juntos para mostrar que a união é necessário para não deixar a morte do João Alberto passar em vão. João era tamboreiro, e não podemos deixar um tambor silenciar pelo racismo — afirmou a ativista.
Em frente a Igreja, integrantes de entidades também faziam manifestações contra o racismo. Ângelo Martins, de 71 anos, ajudou na divulgação do ato nas redes sociais.
— Não tem como não ficar chocado com o assassinato. Nós, negros e negras precisamos repercutir — disse ele.
O frei Luis Carlos Suzin, que celebrou a missa, afirmou que o caso João Alberto pede reflexão, especialmente àqueles que mais sentem os problemas sociais:
— A família dele e a casa de religião de João Alberto comentaram que fosse nessa igreja. Precisamos nos solidarizar sobre tudo com vidas humanas. Precisamos nos solidarizar com quem se sente mais ferido.