No novo prédio do Centro Regional de Excelência em Perícias Criminais (Crepec), que deve ser inaugurado em dezembro pelo Instituto-Geral de Perícias (IGP), nada é por acaso. Do chão ao teto, tudo foi minuciosamente projetado para garantir a segurança dos trabalhos periciais.
O piso dos laboratórios, por exemplo, é de material que evita a propagação de bactérias. O teto, que em 2013, quando o projefo foi feito, estava planejado para ser de gesso, foi substituído por forro modular em placas de PCV e alumínio para os laboratórios e placas com absorção acústica para as áreas de circulação e de trabalho. O sistema de placas facilita a abertura quando for necessário fazer consertos ou atualizações em tubulações. A ideia foi para reduzir os custos de manutenção e evitar ao máximo a interrupção do trabalho pericial.
— Imagina a sujeira nos laboratórios com gesso sendo quebrado. Precisamos do ambiente mais limpo possível — explica o perito criminal do IGP, Jackson Dombrowski, que é fiscal do contrato.
Mas o grande destaque do Crepec é para a chamada Central de Custódia, para guarda e controle de vestígios coletados em locais de ocorrência de crimes. Os protocolos da cadeia de custódia — de como cada elemento deve ser guardado e preservado desde a coleta até o momento da análise em laboratórios — foram definidos pela Lei 13.964/19, o pacote anticrime. O assunto é considerado de alta segurança e, por isso, detalhes não são informados pelo IGP.
A chegada na central dos materiais coletados — como impressões digitais, sangue, armas, drogas, roupas — ocorrerá por uma entrada específica. Os pacotes lacrados e identificados são entregues e inseridos no sistema de controle. Ficam armazenados até que chegue o momento da análise. Quando isso ocorre, um funcionário identificado vai retirar o pacote do depósito e levá-lo até o setor de análise.
Os pacotes são transportados em carrinhos por um elevador de serviço em área sem trânsito de público. Todas as pessoas que tiveram contato com o pacote lacrado são identificadas, além, claro, do perito que faz a análise. Ou seja, toda a cadeia por onde passa a prova fica registrada.
Outra característica de controle é sobre acesso aos setores. Só entram nos laboratórios pessoas que atuam no local ou que sejam excepcionalmente autorizadas. Mesmo para serviços de limpeza ou manutenção de equipamentos, os trabalhadores só circulam autorizados e acompanhados. Também no setor de maior movimentação diária de entra e sai, que é o plantão de atendimento a locais de crime, há entrada exclusiva.
Nos laboratórios existem tubulações específicas para condução de gases nobres usados no trabalho, como hélio e hidrogênio, e sistema de esterilização automático, que aciona quando o espaço está desocupado. Além de receber mobiliário todo novo, como os armários em sistema deslizante, o Crepec contará com equipamentos que estão em aquisição, como os destinados aos trabalhos de análise na área ambiental e de entorpecentes: cromatógrafo líquido com espectrômetro de massa tipo triplo quádruplo, espectrômetro de fluorescência de raio X (TXRF) e cromatógrafo gasoso tipo triplo quádruplo.
Entre os laboratórios, estão o de DNA, com capacidade para processar vestígios de crimes sexuais de toda a Região Sul, e o de Perícias Ambientais, para caracterização de crimes de poluição ambiental.
— O Crepec representa a valorização e o reconhecimento da perícia criminal, pois fornecerá o suporte físico e tecnológico para um trabalho fundamental no combate ao crime — destaca Heloisa Helena Kuser, diretora-geral do IGP.
Novos equipamentos vão ampliar perícias
Com a aquisição de novos equipamentos, o IGP fará análise de pesticidas orgânicos e de metais pesados, além de poder pesquisar as novas drogas sintéticas em concentrações menores das atuais em material biológico.
Cromatógrafo líquido com espectrômetro de massa e o Cromatógrafo gasoso acoplado ao espectrômetro de massa do tipo triplo quádruplo
- São equipamentos utilizados para detectar compostos orgânicos em baixíssimas concentrações, no nível de parte por bilhão, como pesticidas em matrizes ambientais e drogas de abuso em material biológico
- Com esses equipamentos, será possível identificar mais de 500 compostos, entre venenos e drogas, em alguns minutos de uma corrida analítica, agilizando a realização das perícias nas áreas ambiental e toxicológica
Espectrômetro de fluorescência de raio X
- Tem várias aplicações na área forense, sendo uma das principais a detecção de metais pesados em perícias nas áreas de poluição ambiental em solo, água e efluentes, até metais oriundos de disparo da arma de fogo (DAF), o que auxilia na descoberta da autoria
- Além disso, é um equipamento que auxiliará nas perícias de comparação de tintas, fibras e nas comparações de fragmentos de vidro, pois consegue detectar os microvestígios metálicos formadores dos materiais
O que funcionará no prédio do Centro Regional de Excelência em Perícias Criminais
- Térreo: Departamento administrativo(protocolo)
- 2° Pavimento: Departamento de Criminalística
- 3° Pavimento: Departamento de Perícias Laboratoriais
- 4° pavimento: Departamento de Perícias Laboratoriais
- 5° Pavimento: Departamento de Criminalística
- 6° Pavimento: Departamento de Identificação e de Criminalística
- 7° pavimento: Direção superior e Direção Administrativa
- Museu
- Auditório