Preso na madrugada deste domingo (13), um homem de 20 anos suspeito de planejar o assassinato dos pais em Jaguarão, no sul do Estado, declarou à polícia que teria decidido cometer o crime por considerar que eles eram "controladores" e em razão de supostos atritos envolvendo dinheiro.
A delegada responsável pelo caso, Juliana Garrastazu Ribeiro, acredita que pelo menos mais uma pessoa teve participação nas mortes, mas não descarta um número maior de envolvidos. A suspeita inicial é de que o filho teria arquitetado o crime, mas não seria o autor dos disparos na cabeça que mataram o casal enquanto dormia na madrugada de sexta-feira (11).
A Polícia Civil não divulgou a identidade do rapaz, que se encontra preso preventivamente no presídio de Jaguarão após ter confessado em depoimento a organização do duplo homicídio. Segundo a delegada Juliana, ele declarou que passou a cogitar a morte dos pais cerca de dois anos atrás em razão de desavenças familiares.
— Ele declarou que tinha muitas insatisfações com os pais, que não permitiam que ele saísse de casa quando queria ou que se encontrasse com determinadas pessoas. Disse que eram controladores em relação à vida dele, o que causava brigas — afirma a delegada.
Também há indícios de interesses financeiros por trás do episódio, embora a família vivesse de forma modesta, como a expectativa de herança de um pedaço de terra. O suspeito teria dito ainda em depoimento que, dias antes do crime, teria discutido com a mãe em razão do dinheiro recebido por ele como auxílio emergencial do governo federal durante a pandemia. Conforme o depoimento, ele teria se recusado a compartilhar o valor, o que resultou em um conflito.
Segundo teria declarado à polícia, o plano para matar os pais ora ganhava força, ora era deixado em segundo plano, até que o momento em que foi colocado em prática. Para isso, a suspeita é de que ele saiu em busca de um ou mais executores e de uma arma para concretizar os assassinatos.
O pai tinha 50 anos e era montador de móveis. A mãe tinha 40 anos e, segundo informações preliminares, estaria fazendo um curso de especialização em uma universidade na área de pedagogia. A polícia também não divulgou os nomes das vítimas. GZH apurou que seriam Paulo Adão Almada Moraes e Manoela Renata Araújo Chagas. Eles tinham ainda uma filha de 13 anos, que estava em casa no momento dos homicídios.
Segundo a delegada, o homem não aparentou qualquer tipo de sofrimento ou desespero ao relatar seu envolvimento na morte dos pais. Mais detalhes serão informados em uma entrevista coletiva programada para as 10h desta segunda-feira (14) no município de Jaguarão.