O túnel que seria utilizado para fuga de presos do Presídio Central, em Porto Alegre, foi fechado nesta terça-feira (18). Descoberta em fevereiro de 2017, a passagem tem cerca de 50 metros de extensão e quatro de profundidade. À época, a investigação policial identificou que o canal poderia resultar na maior fuga de presos da história da cadeia, com a possibilidade de passagem de 200 a mil detentos durante o Carnaval daquele ano.
Nesta terça, as equipes chegaram ao local por volta das 7h. Até o meio-dia, os profissionais trabalharam para retirar a água que estava dentro do túnel. À tarde, começou a ser feita a injeção de concreto na passagem. O material selou totalmente a escavação e garante estabilidade ao terreno, segundo o governo do Estado.
Na quarta, ainda devem ser feitos os trabalhos de reconstituição da calçada e arremates finais.
Conforme o arquiteto e policial civil Renato Martins de Oliveira, um dos que coordena o serviço, o trabalho é relativamente simples:
— Não é complexo. O empecilho é que não tínhamos o percurso correto do túnel, por onde exatamente ele passa. Então tivemos de fazer perfurações até localizar o trajeto. Foram feitos 12 furos.
Segundo Oliveira, que trabalhou com o arquiteto Carlos Eduardo Iponema na obra, o volume de concreto contratado foi de 53 metros cúbicos, o que representa sete caminhões do material. A empresa contratada pelo governo do Estado foi a Base Demolições & Serviços Eireli.
O trabalho de fechamento do túnel ocorreu após seis tentativas frustradas. Em maio, na última tentativa, a licitação foi realizada e nenhuma empresa se manifestou. Agora, a Base Demolições receberá R$ 42,9 mil para fechar o buraco. O valor é quase R$ 10 mil a menos do que o governo estadual ofereceu nas últimas vezes em que tentou contratar alguma empresa para fazer o serviço.
Laudos feitos na época indicaram a precariedade do túnel. Um dos documentos indica que a passagem de veículos na Rua Jorge Luis M. Domingues causava instabilidade no solo, "podendo desabar a qualquer momento e provocar danos na superfície pelo seu desmoronamento, vindo a ferir pessoas e danificar veículos".
— Se o túnel desabasse, ia fazer com que tudo que está em cima fosse ao chão também. Mas nada ocorreu. Agora, com o concreto, é como se a estrutura ali voltasse ao normal, sem problemas — afirma Oliveira.
À época da descoberta, a estimativa da polícia indicava que faltavam cerca de 60 metros para o túnel alcançar a cadeia.
— Foi um trabalho bem ousado, e acho até que fizeram muito. Pela estrutura, a gente acredita que tivesse alguma pessoa mais experiente junto com o grupo que trabalhava na escavação — comenta Oliveira.