O Primeiro Comando da Capital (PCC), maior organização criminosa do país, utiliza mão de obra feminina no Rio Grande do Sul. Cinco dos sete presos no Estado em operação nacional nesta manhã de segunda-feira (31) são mulheres. Elas recebiam dinheiro de uma caixinha montada pelo PCC para ajudar os afilhados que cumprem penas em penitenciárias de segurança máxima.
A verba era repassada pela facção para pessoas não visadas pelas polícias. Isso fica claro no caso das gaúchas: das cinco detidas, apenas duas têm antecedentes criminais, por delitos leves, como receptação. As demais não eram procuradas. Elas foram detidas em Alvorada, Canoas e Gravataí.
Os dois homens que tiveram prisão preventiva decretada no Rio Grande do Sul já estão presos. São detentos da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc). Eles são traficantes gaúchos, que formaram alianças com o PCC para intercambiar armas e drogas. A Polícia Federal no Rio Grande do Sul não deu detalhes da ação, porque a investigação é de policiais de Minas Gerais.
O que se sabe é que o PCC, apesar de ser diminuto no Rio Grande do Sul, já tem pelo menos 729 colaboradores dentro e fora das cadeias gaúchas. O principal foco de penetração do grupo criminoso é a região das Missões, sobretudo a Penitenciária Modulada de Ijuí. Já foram identificados inclusive filiados da facção que atuam dentro de reservas indígenas caingangues e praticaram assaltos a banco.
Na Região Metropolitana, o PCC atua em colaboração com Os Manos, facção oriunda do Vale do Sinos. Ambas utilizam os mesmos fornecedores de drogas e armas no Exterior e firmaram um pacto de auxílio mútuo dentro das cadeias.
O levantamento é do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público de São Paulo, Estado onde surgiu a organização criminosa, em 1993.
Além do Brasil, a facção está enraizada em outros cinco países sul-americanos: Bolívia, Colômbia, Guiana, Paraguai e Peru. Já domina quase que o ciclo completo do tráfico: comanda rotas de envio de entorpecentes para o Brasil e a distribuição nas ruas. Só falta mesmo dominar o plantio da matéria-prima para as drogas.