Uma operação policial foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (23) na Serra, Norte e Região Carbonífera para prender mais 10 criminosos que integram quadrilha que teve sete integrantes mortos em confronto no início do ano. na ocasião, o grupo tentou atacar dois bancos em Paraí, na Serra, mas foi surpreendido pela Brigada Militar.
A investigação da Polícia Civil apontou que o crime foi planejado por um detento da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) e contou com a participação de moradores da região onde os suspeitos planejavam explodir as agências bancárias. Até 9h, cinco suspeitos haviam sido presos.
Mais de 70 policiais civis cumpriram 23 mandados de busca, prisão e bloqueio de contas bancárias em Guaporé e Paraí, na Serra, em Serafina Correa, no Norte, e na Pasc. A operação Paraí é da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) e é resultado de um trabalho que identificou os mentores do plano para atacar os bancos no dia 6 de março deste ano.
O delegado João Paulo de Abreu informou que todas as tarefas e ações foram organizadas pelo apenado.
— Ele planejou tudo, inclusive o aporte financeiro, e cooptou diversas pessoas para a ação criminosa, provendo a todos os recursos necessários para a consumação do crime. Ainda, organizou e dividiu as tarefas de cada membro do grupo — explicou Abreu.
Foram cumpridos 13 mandados de busca e bloqueio de contas, mais oito de prisão preventiva e dois de prisão temporária. Abreu não divulgou os nomes dos suspeitos devido à Lei de Abuso de Autoridade, mas detalhou as funções de cada um dos investigados.
Além dos sete executores, que foram mortos em confronto com a Brigada Militar no dia do ataque, o apenado da Pasc repassou todas as informações por telefone, indicou um familiar em liberdade para organizar a ação e comprar armas e explosivos. Uma mulher, que é familiar do detento, é um dos alvos da operação policial.
Segundo a investigação, dois integrantes investigados tinham a função de transportar armamento e os demais ladrões, outro ajudou a comprar materiais para o grupo e um quarto suspeito fez o levantamento prévio das agências bancárias. Uma moradora de Paraí foi cooptada para emprestar um sítio com o objetivo de abrigar os criminosos antes da tentativa de assalto, e outra prestou apoio logístico à quadrilha. Outros dois investigados, sendo um deles morador de Serafina Correa, tinham a missão de ajudar na fuga e no abrigo dos demais bandidos.
Abreu também ressaltou que a operação contou com o apoio do Instituto-Geral de Perícias e da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), além de várias delegacias de polícia do interior gaúcho.
Confronto
Na madrugada do dia 6 de março, vários moradores de Paraí, cidade com 7,6 mil habitantes, relataram que ouviram de 150 a 200 tiros durante o confronto entre a quadrilha e policiais militares. O plano de explodir o Sicredi e o Banco do Brasil do município foi frustrado pela Brigada Militar.
A corporação se antecipou à ação do bando e interceptou os criminosos no momento do ataque. Sete ladrões morreram e nenhum policial ficou ferido. Foram utilizados mais de 30 PMs dos batalhões de Caxias do Sul e Bento Gonçalves.
Dois dos assaltantes usavam moletons da Polícia Civil. Com os criminosos, também foram encontradas máscaras e miguelitos — ferros ou pregos retorcidos empregados para furar pneus e impedir a perseguição policial.
— Sobre as prisões de hoje (quinta-feira), o Deic está cada vez mais atento ao crime organizado e a seus desdobramentos na lavagem de capitais, por isso o bloqueio das contas bancárias dos criminosos. A investigação foi cirúrgica e os próximos passos serão dados em conjunto com a Delegacia de Lavagem de Dinheiro do Departamento. Atacando as finanças do grupo, estaremos estancando a possibilidade de voltarem a se organizar — explica o delegado Sander Cajal, diretor do Deic.