Nesta terça-feira (21) começa a fase de instrução do processo contra três integrantes de uma torcida organizada do Grêmio em Santa Maria acusados de espancarem outro torcedor em dezembro do ano passado, em um paradouro, em Montenegro. Na prática, é agora que começam a ser ouvidas testemunhas, vítimas e acusados.
Em razão da pandemia, os depoimentos serão pelo sistema online do sistema judiciário. Nesta terça, serão ouvidas cinco testemunhas de acusação e duas vítimas. No dia 27, será a vez das testemunhas de defesa e dos réus falarem.
O trio, que ficou foragido até fevereiro, se apresentou à polícia no dia 26 daquele mês e foi encaminhado à Penitenciária Estadual de Santa Maria, onde está preso.
O caso ocorreu na noite do dia 1º de dezembro, em um paradouro na BR-386, em Montenegro, logo após a vitória do Tricolor por 3 a 0 sobre o São Paulo. A investigação apontou que Mauro Henrique Comoretto Marques, Edson Costa Alencar e Mateus Machado Martins espancaram outro torcedor quase até a morte por causa de uma rixa entre duas torcidas organizadas do clube em Santa Maria.
As agressões foram registradas por câmeras de segurança do local. A vítima, que estava desacordada após chutes e socos, foi socorrida e sobreviveu. O trio responde por tentativa de homicídio triplamente qualificado, por motivo fútil, por uso de meio cruel (espancamento) e por não dar chances de defesa à vítima. A outra vítima é o dono do paradouro, que teve vidros e outros objetos vandalizados. Por isso, os três respondem por dano.
Os réus tiveram habeas corpus indeferidos pelo Tribunal de Justiça do Estado e, recentemente, no início de julho, a juíza Priscila Gomes Palmeiro negou a liberdade provisória do trio. Na decisão, ela argumenta que os três representam perigo para a sociedade:
"O delito cometido é grave. Foi praticado com extrema violência. Os réus agrediram as vítimas com chutes, socos e com o uso de garrafas, mesmo após as vítimas estarem caídas ao chão sem possibilidade de defesa. Tais circunstâncias demonstram o total descaso dos réus com a vida alheia, bem como a periculosidade dos mesmos."
O advogado de Edison e Mauro, Wedner Lima, diz que a defesa "está ansiosa por este momento, em que será ouvida a vítima, a qual desde o início não quis sequer prestar registro policial”.
O advogado Gustavo Santos de Souza, que defende Mateus Machado Martins, diz que "Mateus está preso ilegalmente em completo desrespeito a lei nova (artigo 316 do Código de Processo Penal, que determina a revisão da prisão preventiva a cada 90 dias), que começou a valer em 2020. As filmagens retratam a legítima defesa de Mateus. Não é um processo justo, é um processo midiático".