A participação de integrantes de uma associação de moradores da Vila Tamanca, no bairro Agronomia, em Porto Alegre, nos negócios do tráfico de drogas é investigada pela Polícia Civil na Operação Rebelde, deflagrada nesta sexta-feira (3). Em conversas captadas com autorização judicial, foi flagrada, por exemplo, a negociação de uma mulher apontada como chefe do tráfico com um membro da entidade para que ele guardasse uma arma calibre 12 para a quadrilha.
O Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc) realizou a operação visando a coibir a venda de drogas que seria comandada pelo filho de um líder de facção, Yuri Rohdt Laules Fogassa, e pela ex-esposa do criminoso, Joseane Rohdt Laules. Yuri está preso desde o ano passado na Penitenciária Estadual do Jacuí (PEJ) e recebeu nova ordem de prisão preventiva. A mãe dele, Joseane, estava em prisão domiciliar e foi capturada. Yuri coordenaria os negócios criminosos de dentro da prisão.
Durante um ano e meio de investigação, o Denarc apurou que moradores pedem autorização para Joseane para atividades dentro da vila. Além disso, o grupo criminoso teria apoio de membros da associação para ocultar armas. Em uma das conversas interceptada pela polícia, Joseane, ex-esposa de Fábio Fogassa, que está preso fora do Estado, pede apoio de um líder comunitário para esconder uma arma calibre 12.
Ela explica que o armamento só será necessário em caso de emergência, mas que, naquele momento, a região está calma e não será preciso. Também refere que é complicado andar com esse tipo de armamento — longo — pela vila, pois chama muito atenção. Na conversa, Joseane explica ainda que, se for preciso buscar a arma no esconderijo, apenas duas pessoas estão autorizadas a fazê-lo. O líder concorda e diz que já tem uma casa em vista para servir de esconderijo e apenas vai contatar o proprietário. Ouça o áudio:
O Denarc investiga ainda outras pessoas por participação na organização criminosa. Os nomes não foram revelados. Na operação desta sexta-feira, foram cumpridas três das quatro ordens de prisão preventiva. Policiais também fizeram buscas em sete locais. A investigação é coordenada pela delegada Caroline Barbosa Jacobs, que destaca a pressão dos criminosos sobre os moradores:
— Ao longo da investigação foi possível verificar que os moradores da localidade são coagidos pelo grupo, vivendo sempre sob ameaças e sujeitos às regras dele.
Contraponto
O que disse Simone Andriotti Deporte, advogada de Josiane Laules e de Yuri Fogassa:
— Ainda não tive vista do inquérito. Só depois vou poder me manifestar. Por enquanto, orientei minha cliente a não depor.