A Polícia Civil concluiu nesta terça-feira (16) o inquérito sobre a Operação Faraó, deflagrada há 11 dias em cinco cidades gaúchas. Um grupo investigado por criar pirâmide financeira que lesou mais de cem vítimas em valor superior a R$ 25 milhões no Vale Paranhana teve 14 integrantes indiciados. Os suspeitos, inclusive dois líderes do esquema que seguem presos, respondem por organização criminosa, lavagem de dinheiro e estelionato.
O responsável pelo caso, delegado Ivanir Caliari, iniciou a investigação há seis meses, após ocorrências registradas na delegacia de Três Coroas a partir do primeiro semestre do ano passado. Devido ao grande número de casos, a apuração iniciou no fim de 2019 e, nesta terça-feira, o inquérito foi remetido à Justiça. Segundo Caliari, os dois presos e mais 12 investigados — laranjas, responsáveis por cooptar vítimas e familiares — atraíam investidores da região que acreditavam estar comprando imóveis à vista, com baixo valor de mercado, e para dividir posteriormente um lucro de 15% com a venda de áreas, prédios, entre outros. Mas tudo não passava de fachada e até atores foram contratados para fingir que fossem representantes de uma grande empresa de consórcios do Estado.
Lavagem
Conforme o inquérito policial, o grupo, com sede em Taquara, criou inicialmente uma pequena pirâmide financeira. Mas o negócio ilegal tomou grandes proporções e os suspeitos passaram a investir em uma pirâmide financeira maior. Caliari conta que os suspeitos se aproximaram da empresa Indeal, em Novo Hamburgo, para manter o esquema com alto giro de capital e ainda para lavar dinheiro, mas tudo sem o consentimento das vítimas.
— Inclusive, foi quando este outro esquema passou a ser investigado pela Polícia Federal, nos primeiros meses do ano passado, que a pirâmide investigada por nós começou a ruir e iniciou uma chuva de denúncias — ressalta Caliari.
Incluindo o investimento na pirâmide financeira do Vale do Sinos, os indiciados lavaram pelo menos R$ 10 milhões em criptomoedas, em mais de 60 veículos e imóveis e na bolsa de valores. Caliari diz que foram adquiridos em nome de laranjas 30 veículos, inclusive uma BMW e um Jaguar, além de 36 imóveis. Além de um sítio de R$ 6 milhões em Taquara — com piscina e até uma espécie de bunker usado por facção criminosa, foram anexados ao inquérito. Depois da operação, mais duas residências em um condomínio de luxo no litoral norte.