A Polícia Civil apura o possível investimento do grupo investigado por causar prejuízo superior a R$ 25 milhões a mais de cem vítimas, no Vale do Paranhana, em uma empresa do Vale do Sinos suspeita de fraude financeira. Após operação deflagrada na sexta-feira (5), com dois presos, os agentes seguem analisando documentos e materiais apreendidos. Também vão apurar valores depositados em cerca de 20 contas bancárias que tiveram quebra de sigilo decretado pela Justiça.
O delegado Ivanir Caliari, responsável pela investigação de seis meses, destaca que o grupo, com sede em Taquara, criou inicialmente uma pequena pirâmide financeira. Mas o negócio ilegal tomou grandes proporções, e os suspeitos — dois foram presos de forma preventiva, mas não tiveram os nomes divulgados — passaram a investir em um esquema mais estruturado.
— Em depoimento, um dos responsáveis pelo grupo, que é alvo nosso, eles começaram a investir na empresa Indeal, de Novo Hamburgo, para manter o esquema com alto giro de capital — explica Caliari.
Os investimentos feitos na Indeal eram de dois meses, sendo repassado no primeiro mês um lucro de 15% prometido para os responsáveis pela organização de Taquara - que são 15 pessoas - e mais 15% para os investidores que não sabiam do esquema.
Caliari diz que esse negócio ilegal com a empresa do Vale do Sinos começou no final de 2017 e sempre sem o consentimento das mais de cem vítimas do Vale do Paranhana. Mas como a Indeal foi alvo de operação da Polícia Federal (PF) em maio do ano passado, ele diz que os suspeitos pararam de repassar valores. Foi a partir deste período que houve uma série de denúncias que deram início à investigação e depois à operação deflagrada na sexta.
O grupo investigado por Caliari é suspeito de lavar R$ 10 milhões em criptomoedas, bolsa de valores e em mais de 60 veículos e imóveis, incluindo um sítio de R$ 3 milhões em Taquara. Os dois presos atrairiam investidores que acreditavam estar comprando imóveis à vista, com baixo valor de mercado, para dividir posteriormente um lucro de 15% com a venda de áreas, prédios, entre outros.
Contudo, conforme a polícia, tudo não passava de fachada e até mesmo atores foram contratados para fingir que fossem representantes de uma grande empresa de consórcios do Estado. Com a quebra do sigilo bancário, não se descarta que o prejuízo possa ser ainda maior às vítimas do Vale do Paranhana.
GaúchaZH tenta contato com representantes da Indeal para confirmar se houve investimentos dos suspeitos presos antes da empresa ser alvo de investigação da PF.