A Polícia Civil está investigando um caso de agressão contra uma médica no Hospital Escola da Universidade Federal de Pelotas (UFPel), no sul do Estado. O tumulto ocorreu na sexta-feira (29) enquanto a profissional realizava um parto. O marido reclamou da demora no procedimento e da cesariana que seria realizada.
A médica obstetra Scilla Lazzarotto registrou um boletim de ocorrência e relatou que estava fazendo o atendimento da mulher quando foi surpreendida com chutes e socos e chegou a ser ameaçada de morte pelo homem que dizia estar armado. A investigação está sendo conduzida pela Delegacia da Mulher. A delegada Márcia Chiviacowsky recebeu o caso nesta segunda-feira (1).
– O homem já foi identificado, ele será ainda ouvido. Coletamos alguns dados no final de semana, antes mesmo de recebermos o caso, e já o identificamos. Vamos ouvir também nesta segunda-feira a vítima e outras testemunhas. Se confirmada a agressão na investigação, ele pode responder pelo crime de lesão corporal – afirmou a delegada.
Em conversa com GaúchaZH, a médica relatou que o homem já chegou ao hospital nervoso e desde o começo criticou o procedimento. Após reclamar do trabalho dos outros médicos, por ser mais experiente, ela foi chamada para solucionar a situação. Ao verificar a dilatação da paciente, a profissional verificou que era necessário fazer um procedimento de cesariana. Foi então que o suposto agressor teria ficado ainda mais irritado.
– Ele ficava me chamando de torturadora. Me falou vários palavrões e me xingou bastante. Após eu me deslocar para sair da sala, ele disse que tinha uma arma 38 e uma arma 42, e que iria me dar um tiro e eu não sairia viva dali. Foi então que ele me deu uma voadora e começou a me espancar.
Scilla conta que sentiu impotência, medo e dor após ter sido agredida. A profissional chegou a se chocar em uma pia após o chute. Além disso, teve ferimentos na cabeça e problemas urinários causados pelo impacto das agressões.
– Eu pensei no meu filho. Pensei que ia morrer naquela hora, ou que eu não ia mais ter condições de trabalhar. Eu senti impotência de ver um homem daquele tamanho me batendo enquanto eu estava trabalhando. Eu quero justiça, para que isso nunca mais aconteça e que esse homem pague pelo que fez – finalizou a médica.
Em nota, o Sindicato Médico do Rio Grande do Sul (Simers) repudiou a agressão e afirmou que ''qualquer violência contra profissionais da saúde é um ataque a sociedade''. A nota do Simers ainda diz que buscará todas medidas para a ''a punição exemplar do agressor''. O Hospital Escola afirma que prestou o atendimento à funcionária e que proibiu a entrada do homem no hospital. Em nota, o hospital diz que registra ''total apoio e solidariedade à médica agredida e a toda equipe'' e que está colaborando com as autoridades policiais.