Uma agricultora de 23 anos confessou ter mandado matar o pai no interior de Segredo, no Vale do Rio Pardo. Ela descreveu a cena do crime em detalhes, confirmou que contratou um homem para executá-lo e que teve a ajuda do namorado, de 25 anos. José Darício de Souza, 43 anos, e o trabalhador da propriedade rural Mazonde Rodrigues de Nepomuceno, 64 anos, foram mortos a tiros na localidade de Rincão Nossa Senhora Aparecida, na noite da última terça-feira (26). Os corpos foram encontrados pela Polícia Civil na tarde do dia seguinte.
A jovem e o namorado estão presos preventivamente no Presídio Estadual de Sobradinho. O executor do crime está foragido. O casal e o homem, que não tiveram seus nomes divulgados, serão indiciados por homicídio triplamente qualificado. O inquérito segue aberto e não se descarta a existência de outros envolvidos. À polícia, a jovem alegou que o pai teria um seguro de vida de R$ 500 mil do qual ela seria a única beneficiária. A investigação ainda vai confirmar a existência desta apólice.
Responsável pelo caso, a delegada de Sobradinho, Graciela Foresti Chagas, afirma que desconfiou do comportamento da filha na cena do crime, quando a jovem passou a fazer perguntas técnicas que não condizem com o comportamento de um familiar ao perder um parente.
— Ela não demonstrou comoção e apontou coisas que estariam faltando dentro do imóvel. Ali acendemos os alertas — afirma a delegada.
No primeiro depoimento, a filha negou participação no crime. Os investigadores realizaram busca e apreensão de indícios na casa onde ela vivia com a mãe, no interior de Sobradinho. Três dias depois, na sexta-feira (29), admitiu autoria:
— Ela disse que estaria planejando há dois meses a morte dele e para isso teria contratado um homem e prometido pagamento de R$ 5 mil. Acreditamos que uma parte deste valor ela já havia pago a ele.
De acordo com a delegada, na noite do assassinato, a agricultora contou que, junto com o namorado, foi buscar o indivíduo na residência dele, em Candelária, com o carro da mãe dela. Levaram o homem até a propriedade.
O casal chegou na propriedade, ela teria abraçado o pai, sentado para conversar. O peão que mora com o pai também estava junto na casa, quando entra esse indivíduo contratado e anuncia o assalto. Tudo de forma premeditada. Ela narrou com riqueza de detalhes toda ação criminosa, que sentou com o pai para conversar antes. Até para nós que temos experiência, esta frieza chama atenção.
GRACIELA FORESTI CHAGAS
Delegada de Sobradinho
— O casal chegou na propriedade, ela teria abraçado o pai, sentado para conversar (com ele). O peão que mora com o pai também estava junto na casa, quando entra esse indivíduo contratado e anuncia o assalto. Tudo de forma premeditada. Ela narrou com riqueza de detalhes toda ação criminosa, que sentou com o pai para conversar antes (do crime). Até para nós que temos experiência, esta frieza chama atenção — diz a delegada.
Segundo o relato da filha à polícia, o homem entrou na casa apontando a arma para ela, falando que em caso de reação, a jovem seria morta.
— Ela sabia que o pai não iria reagir. E ele ficou quieto. O pai e o peão foram amarrados dentro de casa, levados para a frente da residência, onde foram executados. Depois, ela teria levado o matador de volta para casa, em Candelária, e ido dormir com o namorado na casa da irmã dele. O peão foi morto porque seria testemunha, mas ele não era o alvo — completa.
Para simular um latrocínio (roubo com morte), o executor teria carregado uma televisão e outros objetos.
José Darício de Souza havia se separado da esposa em março. A mãe da jovem engatou outro relacionamento e passou a viver no interior de Sobradinho, com as duas filhas, de 12 e 23 anos. Ficou a cargo da primogênita a negociação da divisão do patrimônio. No interior de Segredo, Souza produzia fumo e alimentos para consumo próprio e criava porcos, galinhas e gado.