Acusado de liderar um esquema que teria desviado R$ 12 bilhões de clientes da empresa de investimentos Unick Forex, Leidimar Lopes está sendo defendido pela Defensoria Pública da União (DPU). Ele tinha advogado constituído, mas ligou para a 7a Vara Federal de Porto Alegre, onde tramita o processo criminal, para informar que não tem condições financeiras para manter o contrato. Foi então que a juíza Karine da Silva Cordeiro nomeou um defensor público para o presidente da Unick.
Conforme as investigações da Polícia Federal, em menos de um ano, entre 2018 e 2019, Leidimar e outros integrantes do esquema gastaram cerca de R$ 40 milhões em imóveis.
Procurado, o defensor público que passou a atuar no processo, Fabio Carboni Ceccon, explicou que o Código de Processo Penal não permite que o réu fique sem defensor.
— Mesmo que ele seja um réu com recursos financeiros para contratar um advogado, se ele não o fizer, o Código de Processo Penal determina que os autos sejam remetidos para a Defensoria para que exerça a defesa — esclarece Ceccon.
O defensor público conta que Leidimar alegou não ter recursos financeiros, mas admite que a DPU não tem essa confirmação. Também que não cabe à instituição descobrir se a afirmação é verdadeira. Observou, no entanto, que se ficar comprovado que ele possui condições financeiras para contratação de advogado, a DPU poderá pedir à Justiça que defina honorários para o Fundo de Reaparelhamento da instituição. Sobre o mérito da defesa, disse que não se manifesta.
Credores pedem devolução dos valores
A Associação em Defesa dos Direitos dos Investidores da Unick repudiou o pedido de Leidimar para ser atendido pela DPU.
— Acontece que os indícios apontam para o fato de Leidimar possuir, sim, patrimônio para arcar com a defesa — sustenta o advogado da entidade, Demetrius Teixeira.
As vítimas da Unick Forex criaram a associação para buscar a condenação dos sócios da empresa. Ações individuais foram movidas na esfera cível por credores e já há decisões transitadas em julgado para que a Unick pague o que deve aos investidores. Mas não há prazo para que recebam esses valores, já que isso só ocorrerá em caso de condenação e quando o processo penal transitar em julgado.
GaúchaZH aguarda manifestação do Ministério Público Federal (MPF), que é o autor da ação penal resultante da Operação Lamanai da Polícia Federal, que investigou o caso.