A defesa de Alexandra Dougokenski, 32 anos, presa pelo assassinato do filho, Rafael Mateus Winques, 11 anos, em Planalto, no norte do RS, quer a reconstituição da noite em que os fatos aconteceram. De acordo com o advogado Jean Severo, o procedimento vai revelar como tudo ocorreu. O corpo do menino foi encontrado na última segunda-feira (25), em uma casa próxima à que ele morava com a família.
— A Alexandra vai narrar em detalhes como aconteceram os fatos e, principalmente, a questão da corda. A problemática desse processo é uma só: se houve intenção ou não, porque ela é confessa no homicídio culposo (sem intenção) — declarou o defensor.
Severo prossegue, garantindo que ela não planejou matar o filho. Ele ainda faz uma crítica à Polícia Civil:
— A Alexandra nunca quis a morte do filho. Cada vez eu tenho mais certeza disso. Eles (policiais) estão interessado em transformar esse processo no novo caso Bernardo, mas não é.
A versão da defesa, que não convence os policiais, é de que Alexandra deu dois comprimidos de Diazepam para o garoto e ele passou mal, vindo a morrer. Depois, ela teria ficado nervosa com o ocorrido, abalada psicologicamente, e "cometido o erro de ocultar o corpo".
O advogado ainda sustenta que não houve participação de mais pessoas na morte do garoto:
— Pedi para ela: me conta toda a verdade. Eu disse "tu tem de me falar a verdade". E ela me confirmou, com toda certeza, que fez sozinha.
A Polícia Civil ainda analisa se irá fazer o pedido de reconstituição à Justiça.
O delegado Joerberth Nunes, diretor do Departamento de Polícia do Interior, rebateu as críticas do advogado:
— A gente recebe isso com muita tranquilidade e sabe que a defesa está no papel dela de tentar destituir a tese do Estado. Não querem comparar com o caso Bernardo para não ir à júri popular, porque não querem a comoção social.
Corda seria para transporte, diz defesa
Severo ainda assegura que a corda encontrada ao redor do corpo do garoto foi usada exclusivamente pela mãe para arrastar o menino para fora da casa, "em um momento de desespero". Sobre o laudo preliminar do Instituto-Geral de Perícias (IGP) que mostra morte por estrangulamento, ele informa que ainda não teve acesso e, se isso ocorreu, foi durante o transporte do corpo.
Nesta sexta-feira (29), IGP e Polícia Civil fizeram nova perícia na casa onde o garoto morava e na residência onde estava o corpo, em uma caixa de papelão. Essa moradia fica ao lado da que o garoto vivia e os proprietários estavam viajando.
— O local muitas vezes "fala". Os fatos se deram dentro da casa da mãe e na casa vizinha, então temos de refazer todos esses locais — relatou a chefe de Polícia do RS, delegada Nadine Anflor, em entrevista ao Gaúcha Atualidade.