Em busca de um lugar onde possa expressar a dor e a incredulidade com a morte de Rafael Mateus Winques, 11 anos, a comunidade de Planalto, no norte do Rio Grande do Sul, prepara um espaço para homenagens. Na praça central da cidade, será instalado um banner com fotos do menino. O local deve ser um ponto para que as pessoas deixem flores, mensagens e façam orações.
O grupo de mulheres que está preparando o espaço, com apoio da comunidade, é o mesmo envolvido na organização da carreata realizada na terça-feira (26) — um dia após o corpo do garoto ser encontrado. O local ainda está sendo estruturado, mas a ideia é que esteja pronto ainda neste fim de semana. Neste sábado (30) à noite, está prevista para ocorrer uma missa, também em homenagem ao menino.
— Queremos criar esse espaço no Centro para que as pessoas possam passar e deixar sua homenagem. Neste momento, em que temos que evitar aglomerações, pensamos nisso. Poderá deixar flores, acender vela, independente da crença de cada um. A ideia é que seja um local acessível a toda população e demonstrar toda essa tristeza que a gente está sentindo agora — explica a professora Edenir Fátima Polesso Marmentini, 37 anos, conhecida como profe Edi.
Para o banner, foram selecionadas fotografias de Rafael, com a mensagem “Rafael um anjo de óculos azuis”. A expressão faz alusão ao texto divulgado nas redes sociais pelo escritor Fabrício Carpinejar sobre o caso. Rafael, o menino que usava óculos de armação colorida, era conhecido como um garoto tranquilo e educado.
— O que queremos nesse momento é fazer uma homenagem para ele. Queremos realmente lembrar do Rafinha como aquela criança calma, querida. Ele não vai ser esquecido. Não queremos gerar ódio na população. Vamos deixar essa parte da Justiça para quem realmente sabe o que fazer. Percebemos que a comunidade está unida e necessitava desse espaço para demonstrar o que está sentindo — diz Edi.
O caso
Rafael foi encontrado morto na segunda-feira, após a mãe Alexandra Dougokenski, 32 anos, confessar o crime. A mulher, que está presa de forma temporária, alega que a morte do filho aconteceu de forma acidental, por ingestão de medicamento. Ela mesma comunicou falsamente ao Conselho Tutelar e à Polícia Civil o desaparecimento do garoto, o que gerou comoção e mobilização para buscas na comunidade. A mulher alega que cometeu o crime sozinha. A polícia apura o caso como homicídio doloso, quando há intenção de matar, e investiga a motivação e se há participação de outra pessoa.