A Polícia Civil realizou na manhã desta sexta-feira (3) uma operação na zona sul de Porto Alegre e em Charqueadas para concluir a investigação de um dos oito homicídios ocorridos entre janeiro e março deste ano no bairro Restinga envolvendo guerra de facções. Um suspeito foi preso preventivamente e outro ainda é procurado pela morte de Diony William Moreira Gonçalves, 24 anos, ocorrida em fevereiro, na frente de clientes e funcionários de um mercado na Vila Bita, mesmo local onde houve um triplo homicídio no mês passado.
Também foram cumpridos dois mandados de prisão preventiva dentro da Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc), onde estão os dois mandantes do assassinato. Segundo o titular da 4ª Delegacia de Homicídios, delegado Rodrigo Pohlmann Garcia, o crime é mais um deste tipo na região desde que começou a disputa entre facções criminosas pelo ponto de venda de drogas na Restinga. Gonçalves já havia sido vítima de uma tentativa de homicídio em dezembro do ano passado, cometida pelo mesmo grupo criminoso. No dia 11 de fevereiro, por volta das 18h, a vítima foi localizada pelos executores da facção e executada.
— Foi bem emblemático, pois a vítima teria ido a um mercado local e os executores invadiram o estabelecimento, que estava com muitas pessoas dentro, e retiraram a vítima do prédio para uma execução na frente de todos, crianças e idosos, com diversos disparos de arma de fogo — ressalta Garcia.
Após a instauração de inquérito, Garcia descobriu os dois mandantes e os dois executores. O resultado foi a operação realizada nesta sexta-feira com o cumprimento de quatro mandados de prisão preventiva. Falta prender um dos suspeitos, segundo a polícia. Os nomes não foram divulgados porque a investigação continua.
Um dos mandantes, que está na Pasc, também é apontado por ordenar outros assassinatos, além de incêndios de residências e expulsão de moradores das suas próprias casas. Ele estaria tentando manter o poder que exerce na Vila Bita, pois era um dos gerentes do tráfico na região. O suspeito também tem ligação com o triplo homicídio ocorrido na mesma localidade em março. Uma jovem de 16 anos sobreviveu, mas segue hospitalizada devido à gravidade dos ferimentos ocasionados por vários tiros. O crime foi gravado em vídeo e divulgado nas redes sociais como forma de retaliação entre os grupos rivais. Dias antes, uma facção oposta divulgou imagens de integrantes caminhando pelas ruas da Vila Bita e afirmando que haviam assumido o tráfico na região.