Desde que um homem fugiu da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Novo Hamburgo, em 9 de março, policiais gaúchos vinham trabalhando para tentar rastrear o paradeiro do foragido. No fim da tarde desta quinta-feira (19), ao sair de uma residência em São José, Santa Catarina, ele foi preso.
O homem é investigado pelo desaparecimento do namorado da filha de 16 anos, no início do mês. No apartamento onde João Victor Friedrich de Oliveira, 31 anos, teria sido visto pela última vez, foram encontrados R$ 2 milhões, armas e manchas de sangue.
As ações do foragido vinham sendo monitoradas pelos policiais gaúchos desde a fuga. A polícia havia solicitado inclusive que ele tivesse o nome incluído na lista de procurados pela Interpol. A medida foi tomada por conta da suspeita de que ele pudesse ter escapado para fora do Brasil. O processo de inserção do nome ainda estava em andamento.
Há alguns dias, a equipe da DHPP de Novo Hamburgo, coordenada pelo delegado Márcio Niederauer, viajou até o Santa Catarina para tentar localizar o paradeiro do foragido. O homem tinha histórico de crime no Estado vizinho, onde em 2016 chegou a ser flagrado em um caso de estelionato em Florianópolis. Daquela vez, ele também escapou de uma delegacia e só foi recapturado mais de um ano depois.
Nesta quinta-feira, os agentes gaúchos contaram com apoio da Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco) de São José para flagrar o foragido em uma residência. Com ele, foi apreendida uma Hilux e cerca de R$ 60 mil em dinheiro. Dentro do veículo, estavam vários materiais, como travesseiros, roupas e até panelas. Os itens teriam sido retirados pelo procurado de um apartamento em outro município de Santa Catarina.
— Ele foi preso ao sair dessa residência onde estava escondido. Havia muita coisa dentro do carro, o que indica que ele estava se preparando para fugir novamente. Desde a fuga, os policias vinham trabalhando incansavelmente para recapturá-lo — descreveu o delegado.
Além do foragido, também foi detido um homem que estaria auxiliando na fuga. Ele chegou a ser levado para a delegacia local, para registro pelo crime de favorecimento pessoal. O preso, que vinha sendo procurado por envolvimento no sumiço em Novo Hamburgo, foi encaminhado para o Rio Grande do Sul ainda na noite de quinta-feira.
Segundo a polícia, o suspeito — que não está tendo o nome divulgado para não expor a filha de 16 anos — agiu com um comparsa. Eles foram flagrados por câmeras de segurança do prédio de onde a vítima desapareceu. Como o caso está em segredo de Justiça, o delegado não quis se manifestar sobre o andamento da investigação no momento.
Investigação
João Victor Friederich de Oliveira, 31 anos, dono de uma empresa de consórcios e que está desaparecido, namorava a filha do investigado. No início do mês, ele ingressou em apartamento em Novo Hamburgo junto com a namorada e, logo na sequência, vizinhos ouviram gritos e disparos de arma de fogo. Após isso, houve uma sucessão de fatos que leva a polícia a acreditar no envolvimento de toda a família do homem que fugiu da delegacia.
A adolescente foi apreendida e a mãe, que tentou tapar imagens de câmeras do prédio, foi presa. As imagens mostram o pai da jovem e um comparsa entrando armados no imóvel e saindo do local com um corpo.
Uma Mercedes, que teria sido usada no transporte do corpo, foi encontrada carbonizada em Portão. Na semana passada, em uma chácara abandonada em São Sebastião do Caí, foi localizado um cadáver. A suspeita é de que possa ser o corpo de Oliveira. Mas como ele estava sem as mãos, não foi possível coletar as digitais. Por isso, é aguardado o resultado de exame de DNA para saber se é mesmo o desaparecido.
Por que não publicamos os nomes dos suspeitos?
GaúchaZH não identifica o homem e a mulher investigados por envolvimento no desaparecimento de João Victor Friederich de Oliveira, 31 anos, em Novo Hamburgo, para preservar a identidade da filha de 16 anos, que teve a internação decretada pela Justiça. A preservação do nome de adolescentes infratores é determinada pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Entenda o caso em seis pontos
- Na madrugada de sexta-feira, a Brigada Militar foi chamada até um prédio na Rua Marcílio Dias, em Novo Hamburgo, após moradores ouvirem disparos de arma de fogo. Em um apartamento, os policiais encontraram armas, reais e dólares (num total de R$ 2,1 milhões).
- Uma adolescente, de 16 anos, e a mãe dela, de 35 anos, foram detidas. Havia manchas de sangue no imóvel. À polícia, a garota alegou que brigou com o namorado, João Victor Friederich de Oliveira, 31 anos, e que acabou atirando na perna dele. Disse ainda que, depois disso, ele deixou o apartamento. Como o namorado não foi localizado, a polícia passou a investigar o desaparecimento dele.
- Pelas câmeras do prédio, a polícia descobriu que dois homens armados estiveram no imóvel. As imagens mostram alguém sendo transportado pelos dois até o porta-malas de uma Mercedes e a mulher tapando a câmera. A suspeita é que fosse o corpo de Oliveira. Ela ainda limpa o chão da garagem após a saída do veículo. A adolescente foi internada e a mãe teve a prisão preventiva decretada.
- No domingo, a mesma Mercedes foi encontrada carbonizada no interior do município de Portão. A suspeita é de que o corpo de Oliveira, ainda não encontrado, tenha sido descartado em outro local.
- Na segunda-feira, a equipe da Delegacia de Homicídios prendeu o pai da adolescente em um estacionamento de Novo Hamburgo. Segundo a polícia, ele se preparava para fugir. Foram apreendidas com ele mais armas e dinheiro. Um homem, que não seria o mesmo flagrado nas câmeras com ele, também foi preso.
- Por volta das 21h40min, após conversar com o advogado, o preso conseguiu escapar da Delegacia de Homicídios. Ele estava algemado em uma cadeira no corredor e ainda não havia sido ouvido. O homem danificou a cadeira na qual estava preso e fugiu com a algema presa em uma das mãos.