O jovem morto em Florianópolis, Santa Catarina, será sepultado nesta quarta-feira (8) em São Leopoldo, município do Vale do Sinos onde residia. Kennedy Maldaner Santos da Silva, 20 anos, foi executado a tiros por traficantes em uma comunidade próxima da praia dos Ingleses, no norte da Ilha. O crime aconteceu na tarde de domingo (5), mas o corpo do rapaz só foi localizado pela Polícia Militar um dia depois. Outros dois jovens que estavam com ele ficaram feridos. Um deles, baleado no abdômen, recebeu alta do hospital na manhã desta terça-feira (7). O outro já havia sido liberado. Segundo a Polícia Civil da capital catarinense, os dois relataram que eram turistas e teriam sido confundidos com integrantes de uma facção rival ao entrar no local para comprar maconha.
A família de Silva viajou a Santa Catarina para fazer o translado do corpo do rapaz. Eles chegaram de volta a São Leopoldo na manhã desta terça. Segundo familiares, o jovem residia com a mãe, o padrasto e os irmãos no bairro Feitoria. Ele costumava viajar para Florianópolis aos fins de ano. Há cerca de uma semana estava hospedado na praia do Santinho com outros moradores do município do Vale do Sinos. Na tarde de domingo foi com eles até a comunidade, onde acabaram sendo capturados.
O corpo de Silva foi localizado na manhã de segunda-feira durante buscas feitas pela Polícia Militar. Os agentes utilizaram quadriciclos para fazer uma varredura na área e encontraram o cadáver do jovem. Ele estava escondido sob a vegetação em uma área de dunas ao lado da comunidade do Siri. O corpo tinha marcas de tiros e estava em uma trilha a cerca de 500 metros de onde aconteceram os disparos.
O velório teve início no começo da tarde desta terça-feira em São Leopoldo. A cerimônia de despedida está sendo realizada na Capela da Funerária Pereira. O sepultamento está previsto para as 9h de quarta-feira (8) no Cemitério Municipal.
— A família está sofrendo muito. É algo muito triste. Ele costumava ir todo fim de ano para lá e aí acontece isso — relatou uma familiar, que pediu para não ser identificada.
Outro jovem, de 21 anos, baleado no abdômen foi encaminhado ao Hospital Celso Ramos. Ele chegou a ser ouvido pelos policiais ainda no domingo e relatou que eles teriam sido confundidos com integrantes de uma facção rival pelos traficantes da área. Na manhã desta segunda-feira, conforme a Polícia Civil catarinense, ele foi liberado e retornou ao Rio Grande do Sul.
O caso
Segundo a Polícia Civil de Santa Catarina, quatro moradores de São Leopoldo ingressaram na comunidade do Siri na tarde de domingo. Eles estavam em um veículo. O objetivo, conforme a polícia, seria adquirir uma porção de maconha. No local, três deles foram capturados por traficantes que dominam a área e um conseguiu escapar. Ainda segundo os policiais, os bandidos teriam capturado os gaúchos por acreditar que eles seriam integrantes de uma facção rival do Rio Grande do Sul.
Os três foram levados para dunas, ao lado da comunidade, onde foram submetidos a julgamento pelo tráfico. O local é usado pelo grupo criminoso para torturar e executar desafetos. Os criminosos portavam armas e facões.
— Eles decidiram cortar os dedos de todos. Mas dois deles saíram correndo. Um foi recapturado e morto a tiros. O outro conseguiu escapar, mesmo baleado — relata o delegado da Delegacia de Homicídios de Florianópolis, Ênio de Oliveira Mattos.
A investigação
Ainda segundo o delegado, seis suspeitos foram identificados como autores do crime. Eles são moradores da comunidade do Siri e possuem vínculo com o tráfico de drogas. Conforme o policial, um dos quatro jovens que ingressou na comunidade, e conseguiu escapar antes de o trio ser capturado, seria o alvo dos traficantes. Ele teria retornado ao Rio Grande do Sul ainda no domingo.
— O que eles relataram foi isso. Esse primeiro que fugiu possui envolvimento com o crime. Eles entraram de carro e foram rendidos. Eles (criminosos) queriam esse que fugiu, mas como ele escapou se vingaram em cima dos outros três. Eles relataram que confundiram eles com membros de uma facção — afirmou o delegado Mattos.
A comunidade do Siri, onde os três foram surpreendidos pelos criminosos, é a mesma onde um casal também do RS foi encontrado morto em agosto do ano passado. Murieli dos Santos Baptista e Thiago Ramos Veloso, ambos de 20 anos, foram executados. Os corpos foram localizados na Rua Servidão Caminho das Dunas, com marcas de tiros. Ela era moradora de Alvorada, na Região Metropolitana, e ele de Porto Alegre. O crime também estaria vinculado ao tráfico de drogas, segundo a polícia.