Um empresário de Gravataí, na Região Metropolitana, caiu no golpe do leilão ao arrematar um carro e não receber pelo veículo. Em 16 de dezembro, o homem de 49 anos pagou R$ 22,8 mil por uma Spin 2016 no site Cunha Leilões, de São Bernardo do Campo (SP). A atendente do portal informou que o veículo seria entregue em 48 horas após o pagamento, o que não aconteceu.
O homem pagou R$ 21,6 mil e R$ 1.250 pelo transporte do carro de São Paulo até Gravataí. Ele conta que achou o site em pesquisas pela internet e fez todas as operações pelo celular.
— Antes de fazer a transferência, consultei o nome do leiloeiro, pesquisei sobre o site, vi que não tinha reclamações na internet — afirma a vítima, que pediu para ter o nome preservado.
Segundo o empresário, ao ultrapassar o prazo de entrega, ligou para a empresa de leilões e foi avisado que havia ocorrido um problema com o motorista que estava conduzindo o veículo. Após isso, não conseguiu mais contato com a Cunha Leilões.
— Foi como uma tapa na cara. Ninguém me deu retorno. Quando tu é pego em um golpe assim, te sente um idiota. Não tenho mais esperanças de receber este carro.
O empresário iria utilizar o veículo para o trabalho e havia reservado o dinheiro para compra.
— Foi a primeira vez que comprei em um leilão. O site é perfeito, tem informação do leiloeiro. Tu não diz que algo assim pode acontecer — desabafa.
A vítima registrou ocorrência e o caso será investigado pela 1ª Delegacia de Polícia de Gravataí. O delegado Marcio Zachello informa ainda não é possível afirmar se o negócio foi mesmo efetuado pela Cunha Leilões ou por outra pessoa se passando pela empresa, induzindo a vítima ao erro.
— Não podemos afirmar que a Cunha Leilões tenha praticado. Alguém pode ter fraudado a identificação da empresa — diz o delegado.
Zachello orienta que antes de transferências ou transações, clientes devem buscar informações na internet e checar a oferta:
— É necessário verificar se o destinatário do valor é mesmo uma pessoa jurídica. Se aparecer uma pessoa física, já é o indicativo de que algo errado está ocorrendo.
Atrás de dicas, GaúchaZH procurou uma leiloeira oficial. Liliamar Pestana Gomes, da Pestana Leilões, diz que a única forma de o cliente se proteger de golpes é consultar se o leiloeiro da empresa está matriculado nas juntas comerciais dos Estados:
— É preciso entrar no site da Junta Comercial do Estado e ver a relação de leiloeiros credenciados. Em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais têm acontecido de grandes organizações de leilões terem seus sites clonados.
O cliente deve suspeitar quando não há nenhuma reclamação registrada da empresa na internet.
— Hoje em dia, todo tipo de serviço, em algum momento, pode gerar reclamação. As pessoas buscam seus direitos e registram reclamações na internet — frisa Liliamar.
Também é importante desconfiar do valor do lance inicial. Conforme a leiloeira, o preço deve partir de 60% a 70% do valor de mercado do produto e, ao arrematar, normalmente deve chegar a 80% ou 90% da média de mercado:
— É importante desconfiar quando um leilão abre com 30% do valor de um produto porque é muito baixo. São vários casos de valores que são muito abaixo do normal.
Liliamar explica que leilão judicial normalmente parte com os itens com preço entre 40% e 60% do valor do mercado e leilões extrajudiciais podem partir de valores acima de 60%. Na visão da leiloeira, após o pagamento do produto arrematado, não há mais o que fazer além de registrar o caso na Polícia Civil. Todas os cuidados devem ter tomados antes de se fechar o negócio.
— É difícil localizar essas pessoas. É preciso tomar cuidado antes de fazer a compra, as pessoas têm de ter noção onde estão comprando. Existem grandes organizações no mercado e bons profissionais. É preciso pesquisar o histórico da empresa antes de fechar a compra — ensina.