A Polícia Civil indiciou cinco suspeitos de integrar esquema que falsificava assinaturas de delegados para retirar carros de depósitos do Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS). Entre os indiciados está o homem apontado como mentor da fraude — que foi preso há menos de um mês em Gravataí.
O grupo responde por lavagem de dinheiro, organização criminosa, entre outros delitos.
Segundo a polícia, as assinaturas de delegados eram falsificadas para que fossem liberados de depósitos os veículos apreendidos em operações e que não estavam envolvidos em ocorrências de furto ou roubo. O fato também teria prejudicado várias investigações.
De acordo com o delegado Adriano Nonnenmacher, titular da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e responsável pelo caso, após as falsificações, os carros eram revendidos pela quadrilha para terceiros ou até mesmo para os próprios criminosos que tiveram os bens confiscados. Além das assinaturas de delegados, o grupo também adulterava documentos de liberação de automóveis.
A investigação começou em abril de 2019 e teve duas operações deflagradas, totalizando três prisões — incluindo o mentor do esquema — e 14 medidas judiciais cumpridas. Nonnenmacher não divulgou os nomes dos indiciados, mas destacou que um sexto suspeito segue sendo investigado.
Operação Impostore
Nas duas fases da chamada Operação Impostore, foram recuperados três veículos, sendo um caminhão que estava no Paraná, e foram apreendidos mais de 10 documentos de liberação de carros adulterados.
Após os primeiros contatos com a polícia, antes mesmo das operações realizadas, o Detran-RS mudou a forma de retirada de veículos apreendidos. O órgão adotou medidas adicionais de segurança em depósitos credenciados.
Se antes era preciso apenas um ofício de um delegado, o chamado auto de restituição, em um simples documento de texto, agora é necessário que a própria autoridade policial emita um boletim de liberação, uma nova ocorrência, para evitar possíveis irregularidades. Além disso, a ação fica registrada no sistema e pode ser verificada de forma mais fácil antes de qualquer retirada dos carros.
Nonnenmacher ainda ressalta que os responsáveis pelos depósitos também foram orientados a ligar para as delegacias com o objetivo de confirmar a liberação dos automóveis. Outra medida tomada foi um alerta, no ano passado, para que todo o cuidado seja adotado pelos policiais nestes casos.