Quatro meses depois da primeira operação, a Polícia Civil faz nesta terça-feira (10) nova ofensiva contra uma quadrilha que falsificava assinaturas de delegados para retirar carros de depósitos do Detran. Na primeira etapa, dois suspeitos de executar a fraude foram presos e, agora, foi detido em Gravataí o homem apontado como um dos mentores do esquema.
Cerca de 30 agentes cumpriram sete mandados de busca e um de prisão temporária em Porto Alegre, Gravataí, Cachoeirinha e Alvorada. Há alguns dias, já haviam cumprido mandado de busca em Londrina, no Paraná.
Segundo o delegado Adriano Nonnenmacher, da Delegacia de Repressão à Lavagem de Dinheiro do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), a quadrilha tem cinco integrantes, sendo dois — um responsável pela retirada dos carros dos depósitos e outro também considerado um dos mentores dos crimes — que ainda seguem foragidos. Quatro dos cinco investigados já possuem antecedentes criminais por associação criminosa, tráfico de entorpecentes, crimes patrimoniais, ameaças, entre outros.
Para a polícia, as assinaturas de delegados eram falsificadas para que fossem liberados de depósitos do Detran veículos apreendidos em operações policiais e que não estavam envolvidos em ocorrências de furto ou roubo. Depois, os carros eram revendidos pela quadrilha para terceiros ou até mesmo para os próprios criminosos que tiveram os bens confiscados.
A chamada Operação Impostore, com duas fases, teve nove meses de investigação. Já foram recuperados três veículos, sendo um caminhão que estava no Paraná, e foram apreendidos mais de 10 documentos de liberação de carros adulterados.
— Eles descobriram uma brecha no sistema e, além de falsificar assinaturas de delegados, usavam documentos falsos de autorização de retirada dos veículos, sendo que um dos suspeitos até se passava por policial civil para levar no balcão do depósito do Detran um falso documento, com uma falsa assinatura de delegado — explica Nonnenmacher.
Medidas
O Departamento de Trânsito do Rio Grande do Sul (Detran-RS) adota, desde o início deste ano, medidas adicionais de segurança em depósitos credenciados no Estado. Para a retirada de veículos apreendidos pela polícia, antes era necessário apenas um ofício do delegado — o chamado auto de restituição em documento de texto — indicando o automóvel e o policial responsável para buscá-lo.
Agora é preciso que a própria autoridade policial emita um boletim de liberação, uma nova ocorrência, para evitar novas irregularidades. Com isso, a ação fica registrada no sistema e pode ser verificada de forma mais fácil antes de qualquer retirada dos carros.
Os responsáveis pelos depósitos também foram orientados a ligar para as delegacias com o objetivo de confirmar a liberação dos automóveis. Além disso, foi dado um alerta interno entre os integrantes da Polícia para que todo o cuidado seja adotado nestes casos, evitando novas falsificações de assinaturas.