Começou nesta terça-feira (3) o júri de João Guatimozin Moojen Neto, 28 anos, acusado de ter provocado a morte dos dois filhos e de um vizinho, além de ter deixado a então companheira, Barbara Penna de Moraes e Souza, gravemente ferida. O homem teria ateado fogo ao apartamento da família na madrugada de 7 de novembro de 2013, na zona norte de Porto Alegre.
Barbara chegou ao fórum às 9h, acompanhada pelo advogado. À imprensa, ela falou sobre a expectativa pelo julgamento.
— Serão os dois dias mais longos da minha vida. É algo marcado na minha pele e na minha vida — disse a mulher, que foi agredida, queimada e jogada pela janela do seu apartamento e precisou passar por 230 cirurgias reparadoras nos últimos anos.
Ela trazia no pescoço um cordão com as fotos dos filhos, mortos no incêndio. Uma muleta servia de apoio ao lado direito do corpo, parte mais atingida pelo fogo.
O advogado Manoel Castanheira, que acompanhava Barbara, participará do julgamento como assistente de acusação. Segundo ele, "não há estratégia".
— Viemos mais do que pedir justiça. Viemos pedir um desfecho desse caso — afirmou.
O promotor José Eduardo Coelho Corsini também falou com a imprensa pouco antes do começo do júri e disse esperar que as penas sejam somadas, por conta de haver quatro vítimas. O réu responde por tentativa de homicídio (qualificado pelo emprego de fogo e recurso que dificultou a defesa da vítima) e três homicídios, com as mesmas qualificadoras.
A defensora pública Tatiana Kosby Boeira, que representa o réu, afirmou que entre as testemunhas ouvidas estão os pais de Moojen Neto, o padrasto, um psiquiatra e um preso que ocupa a mesma cela que ele. Tatiana afirmou ainda que o réu era usuário de drogas e tem diagnóstico de transtorno de personalidade. Ela disse que vai tentar comprovar a "real responsabilidade dele" no caso.
O caso
Em 2013, João Guatimozin Moojen Neto, à época com 22 anos, teria espalhado álcool no apartamento e sobre o corpo da companheira, Bárbara Penna, riscado um fósforo e iniciado o incêndio no imóvel.
Os dois filhos do casal — uma menina de dois anos e um menino de três meses — morreram. Um vizinho, Mário Ênio Pagliarini, 76 anos, também morreu, sufocado pela fumaça no corredor do prédio.
A jovem ainda foi jogada pela janela, no terceiro andar, e teve 40% do corpo queimado. Eles viviam em um imóvel na Avenida Panamericana, bairro Jardim Lindoia, zona norte de Porto Alegre.