Pela primeira vez desde 2011, o Rio Grande do Sul voltou a encerrar o primeiro semestre com menos de mil assassinatos. Entre janeiro e junho deste ano, foram registrados 962 homicídios — queda de 24% em relação às 1.265 do mesmo período do ano passado. Em 2011, o Estado fechou os primeiros seis meses do ano com 870 vítimas. Os dados, da Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram divulgados nesta terça-feira (9).
Em Porto Alegre, a retração é ainda mais expressiva. Nos primeiros seis meses de 2019, foram contabilizadas 175 vítimas de assassinato, o número mais baixo da década, uma queda de 45,8% em relação ao mesmo período de 2018, que registrou 323 homicídios.
Isolado, o mês de junho teve retração de 40,8% nos homicídios na Capital, passando de 44 no ano passado para 26 — também o menor número para o mês na última da década.
Para o vice-governador e secretário da Segurança Pública, Ranolfo Vieira Júnior, os resultados apontam para a reversão da criminalidade.
— Embora não nos deixem satisfeitos, pois ainda temos o que melhorar, os dados mostram que estamos no caminho certo — afirma.
A SSP contabiliza casos e número de vítimas em estatísticas separadas. Em número de casos foram 885, numa redução de 21% em relação ao ano passado. Um dos que tiveram mais de uma vítima no mês de junho foi o que resultou nas mortes de dois policiais militares (PMs) na Vila Maria da Conceição, na zona leste da Capital.
A investigação deste crime representa justamente uma das estratégias da polícia para tentar reduzir os homicídios: a responsabilização de chefes de facções pelos crimes ocorridos em sua área domínio. Pelas mortes foram indiciados três homens, apontados como segurança, gerente e líder do tráfico no local.
— Nos últimos crimes de homicídio, temos buscado identificar toda a organização criminosa e de alguma forma imputar a autoria a todo grupo. Temos atuado também com prioridade na descapitalização do crime. Retirar o dinheiro que seria usado para comprar armas e drogas, para se reestruturar, é a forma de reduzir força daquele que tem poder de mando dentro de determinada região — afirma a chefe da Polícia Civil, Nadine Anflor.
A delegada também destaca o estabelecimento de metas de redução de crimes, as operações de contenção em áreas onde ocorrem os homicídios e a integração com outros órgãos de segurança.
Na mesma linha, o comandante-geral da Brigada Militar, coronel Mario Ikeda, atribui a redução ao trabalho em conjunto, com priorização de homicídios e roubos. Ele destaca a transferência dos líderes de facções, em junho de 2017 durante a Operação Pulso Firme.
— Em 2015, 2016 e 2017, quando percebemos o aumento dos assassinatos, passamos a concentrar esforços nos principais indicadores: homicídios e roubos. Isso, trabalhando com inteligência, integração e análise criminal. Esperamos dar continuidade a esse trabalho. Temos grande expectativa com a formação no início de agosto de mais 2 mil PMs — avalia.
Em 2018, os índices já haviam apresentado queda de 21% em relação a 2017, quando se registrou o pico de homicídios no Estado para um semestre.